domingo, 22 de fevereiro de 2015

POEMA PARA THIAGO GOSSON - EDUARDO ANTONIO GOSSON



 Após o retorno antecipado 
 do seu irmão para casa do Pai Celestial,
 veio-me a sensação de estar 
 no deserto e, após atravessar todo o Saara,
vejo que esta travessia
está mais longa do que a do povo judeu
quando partiu em busca de Canaã 
uero que me ajude nessa estrada,
 Agora que tenho a certeza de que sou pai 
 De um filho único - você 
 Por acreditar na Promessa,
 deposito em você um imenso amor de pai/de avô/de amigo. 
Permita-me que eu seja feliz com você ao meu lado.

 (Eduardo Gosson)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A INDONÉSIA EXECUTARÁ MAIS UM BRASILEIRO - POR EDUARDO ANTONIO GOSSON

COMBATE ÀS TREVAS – 40 
Por Eduardo Gosson(*) 

 INDONÉSIA EXECUTARÁ MAIS UM BRASILEIRO 

 “Eu me emocionei quando eu vi essa mensagem. Minhas lágrimas caindo de tristeza. Descanse em paz meu pai que eu tanto amo." Hulimase Maria Rodrigues Gosson, filha de Fausto Gosson, 09 anos de idade, em 10.02.2015, ao ler o poema FAUSTO - II

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 A Indonésia tem mostrado ao mundo a seriedade de suas leis penais. Traficante lá vai para debaixo do chão. Aqui, ao abordar o problema na coluna que mantenho na INTERNET com o título COMBATE ÀS TREVAS, colecionei muitos desafetos. Veja o que pensam alguns intelectuais “progressistas”, defensores dos direitos humanos. Para o potiguar Marcos Silva, professor da USP, em comentário no Facebook: “ Compreendo e respeito sua dor de pai. Sou totalmente contra o lema sobre lugar de traficante é debaixo do chão, que é fora da lei em qualquer governo de qualquer partido sob a constituição em vigor no Brasil. Tráfico é crime, lugar de traficante é na prisão. Traficante é fora da lei. Quem mata traficante é fora da lei. Sem lei, é barbárie, nazismo e guetos. O ensino de Direito foi inaugurado no Brasil, em Olinda e São Paulo, ainda que tardiamente, em 1827” Ora, o sistema penitenciário brasileiro não garante que nós, cidadãos, estejamos seguros. O traficante que matou meu filho de overdose do pó da morte (cocaína) subornou um agente penitenciário para facilitar a entrada de um celular. De dentro da prisão, comandava os seus negócios até ser morto faz uns quinze dias por outro rival. Fernandinho beira-mar a cada seis meses é transferido de um estado para outro porque não temos prisões seguras. O custo é alto uma vez que é mobilizado agentes, combustível, entre outras medidas. Não advogo o cidadão sair matando por aí. Essa missão cabe ao Estado, após o devido processo legal. O que foi executado no começo do ano - Marco Archer- teve 10 anos para se defender. Todas as garantias constitucionais foram-lhe asseguradas Autoridades da Indonésia informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais. Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana. A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares. Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade. A Autoridades da Indonésia informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiros Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais. Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana.Governo do Brasil pede que brasileiro condenado à morte na Indonésia seja hospitalizado A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares. Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade.


. (*) Escritor, presidiu a UBE-RN de 2008-2013

domingo, 15 de fevereiro de 2015

COMBATE ÀS TREVAS - 37 - POR EDUARDO GOSSON.







COMBATE ÀS TREVAS - 37 
Por Eduardo Gosson 

 Veja a que ponto chegou a degradação e inversão de valores na sociedade brasileira. Pinçando o noticiário, o amigo e confrade RUBENS AZEVEDO encontrou esta notícia e nos enviou.
 Essa semana, soube da morte do traficante que matou o meu filho FAUSTO. Foi assassinado na cadeia por traficante rival. Já vai tarde, bandido! Um verme a menos a propagar o Mal. Durante muitos anos acreditei que eram vítimas do sistema. Hoje, não! Como tudo está em perpétua mudança nos ensina a dialética marxista, precisamos rever alguns conceitos. 
Ser traficante é uma questão de livre arbítrio. 
 HOMENAGEM A TRAFICANTE “O traficante MARCO ARCHER conhecia a lei da Indonésia onde viveu por 15 anos, em Bali, traficando para turistas estrangeiros. É incompreensível a homenagem que pretendem prestar-lhe. O traficante, que segundo o prefeito carioca contribuiu muito para o progresso da humanidade (*) e que, segundo a presidente, foi um exemplo de civilidade e respeito (*), nunca foi pai de família e era viciado (como o irmão que morreu de overdose). Além de viciado, traficante. Grande exemplo para os brasileiros! Dentro de tais critérios, que tal estátuas, de corpo inteiro, do Fernandinho Beira-mar e do Marcola, um na Cinelândia e outro no Viaduto do Chá? E a gente pensava que já tinha visto tudo.... 

 O forte calor dos últimos dias está fazendo mal aos miolos do Prefeito carioca e da Presidente. Marco Archer, executado na Indonésia no dia 17 de janeiro por tráfico de drogas, será homenageado com a inauguração de um busto seu na estação Pavuna da Linha 2 do Metrô carioca. Em 2003 Marco foi pego com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos e falava bem a língua bahasa. Marco ainda tentou fugir do flagrante. Mas acabou recapturado 15 dias depois, quando tentava escapar para o Timor Leste. Foi processado, condenado, se disse arrependido. Pediu clemência através de Lula, Dilma, Anistia Internacional e até do papa Francisco, sem sucesso. Agora o traficante será “merecidamente” homenageado pela prefeitura do Rio de Janeiro e ganhará um busto como forma de reconhecimento pois representaria os cidadãos cariocas. O prefeito Eduardo Paes diz que tem apoio da presidente Dilma Rousseff e que esta estará presente na solenidade. Ele disse: “A morte de Marco representa a luta não só do povo carioca por um mundo mais justo, mas sim de todo o povo brasileiro, daí a importância de se preservar a imagem dessa pessoa que contribuiu muito para o progresso da humanidade (*). E a presidente também falou: “A homenagem faz parte de uns dos projetos da Pátria Educadora. É preciso mostrar para o povo brasileiro o quão é atrasada a pena de morte em qualquer lugar que seja. Marco era pai de família e devemos estar sensibilizados por ela. Espero que quando as pessoas virem o busto de Marco olhem e lembrem o exemplo de civilidade e respeito que ele quis nos transmitir” (*). (*) Quantos jovens ele ajudou a viciar e, óbvio, a morrer, é irrelevante??? Fim dos tempos, meeeesmo! A Nação está apodrecendo (ou já apodreceu?)! Por que será que um traficante será homenageado por 2 das maiores autoridades do País? Será que, para quem foi eleito para governar este País e o Rio de Janeiro, traficante é companheiro importante?”.

 --------------------------------------------------------------------------------DIGA NÃO ÀS DROGAS! LUGAR DE TRAFICANTE É DEBAIXO DO CHÃO

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CASA VAZIA (PARA CARLOS COSTA FILHO) - POR EDUARDO GOSSON



 Com o início de sua aula em tempo integral, uma sensação de vazio invadiu o apartamento, ocupou sua cama e estou sentindo a falta de sua presença adolescente, rebelde...Na hora do almoço, mudava o canal da TV para assistir ao seu programa de esportes favorito. Você conhece muitas coisas sobre esportes porque procura na internet e, algumas vezes, me surpreende com perguntas que não sei responder-lhe. Eu, porém, acumulei sabedorias da vida e conhecimentos adquiridos em livros que estudei! Na minha época de adolescente de 17 anos não existia internet, televisão de LED, celular ou qualquer outra tecnologia. Lia-se tudo em livros nas Bibliotecas Pública do Estado ou na do SESC da Rua Henrique Martins, as quais frequentava com frequência. Na do SESC, onde almoçava e jantava, a usava para ler e descansar após o almoço em bandejões, aproveitando para atualizar minhas áreas de interesse: a literatura. Procurava sempre livros de poesias ou crônicas e me surpreendi uma lendo um poema do falecido ator Cláudio Cavalcante, que protagonizou a novela Global IRMÃOS CORAGENS, do início da década de 70, e outras novelas que fez depois. Eu era fã do ator e até deixei o cabelo crescer porque o dele era pouco grande, mas liso; o meu, cacheado, mas passei treze anos sem cortá-los junto com a barba. Recortava fotos de Cláudio Cavalcante em revistas e as colava com cola Polar em livros escolares, na porta do guarda-roupa, que dividia com meu irmão Nilberto Costa. Cláudio Cavalcante era meu ídolo de adolescente, mas não me pergunte a razão que não saberei lhe explicar, só sei que eu era fã dele e pronto, como dizem os adolescentes, sem dar muitas explicações. Agora, ando pelo corredor de nosso apartamento, passo pela pota de seu quarto, olho para dentro e sinto falta de você. Sua cama está sempre arrumada para quando você voltar cansado e extenuado de sua aula. Depois, entro na suíte e olho pela janela, uma grande piscina azul cheia de cloro, com pessoas se divertindo. Muitas vezes, em suas férias, frequentava-a também. Colocava uma toalha no ombro dizia: “pai, vou para a piscina” e ainda tenho a ilusão de que você ainda possa estar nela, conversando com alguma garota de sua idade, mas não o vejo e noto que estou sozinho com minha solidão e sentindo falta de você. É...meu filho, nunca pensei que sentiria falta de suas agressividades momentâneas de um adolescente rebelde sem causas. Mas sinto, sim! Sinto falta de você almoçando na mesa, de você gritando que sou um doido, de você pedindo cinco minutinhos para continuar dormindo, depois de uns 6 meses de aula, ou nos primeiros dias de aula, acordando cedo, sozinho e chamando sua mãe às 6 hs da manhã, para levá-lo à escola, apontando no relógio e dizendo “estou atrasado”. Depois de uns seis meses de aula, as coisas se invertem e passa a ser sua mãe lhe dizendo que está atrasada e você continua dormindo pedindo, cinco minutos para continuar dormindo, passando dos cinco para trinta minutos de dormida, só para irritar sua mãe que fica nervosa e lhe chamando. Agora, com novo local de sua escola em tempo integral, no centro de Manaus, esse prazo para continuar dormindo, ficará impossível! Esse é o último ano de sua formação e não poderá descuidar porque, aos seus 17 anos, terá que decidir por uma profissão para o resto da vida ou mudar depois de ingressar em qualquer na Faculdade. Meu filho, você viverá ou já está vivendo um drama que também passei: que profissão escolher? Na minha época de adolescência, como comecei muito cedo a trabalhar e ter responsabilidade vendendo jornais, ganhei gosto pelo jornalismo. Identifiquei-me e segui a opção tranquilamente. Mas para aliviar seu drama de ter que optar por alguma profissão lhe contarei um segredo: meu pai adotivo, Theomário Pinto da Costa médico por vocação, pediu-me que seguisse a carreira de medicina. Mas o enganei e segui comunicação porque desde meus 14 anos quando escrevia inocentes versos para me tornar popular com as garotas do Grupo Escolar Adalberto Vale e os publicava no jornal interno “O Pirilampo” para vencer minha grande timidez. Depois de ouvir minha explicação maluca que criei na hora, o Dr. Theomário, ele olhou para mim e perguntou: “Mas você não disse que havia feito para Medicina! Como é que passou para Comunicação Social? Eu o apoiarei no que precisar, mesmo assim!” Não precisei porque voltei para a casa de meus pais biológicos e eles ficaram orgulhosos porque fui o primeiro dos 9 irmãos que compunham a família biológica, a cursar uma Faculdade, aos 18 anos. Depois, outros seguiram o caminho, inclusive o Nilberto, que é formado em duas faculdades e o Roberto Costa, que cursou Contabilidade e hoje faz meu Imposto de Renda! Passei a ter horror de sangue desde que meu pai adotivo passou a levar-me para a Faculdade de Medicina onde era professor e me deixava com seus alunos. Por isso, decidi não fazer medicina! Mas meu filho, estou escrevendo isso para dizer que você pode seguir o caminho que quiser, fazer o curso que quiser, porque o importante e que seja feliz e faça tudo com respeito, ética e responsabilidade, em qualquer que seja a profissão que venha a escolher. Mas, não esqueça do exemplo de seu pai - jornalista e assistente social - e de seu avô materno, advogado Francisco Guedes de Queiroz, mas que dedicou a vida à política, sua grande paixão. Faleceu pobre depois de 26 anos de mandato parlamentar e a casa que residira até sua morte em uma cirurgia cardíaca em São Paulo, foi quitada com o seguro habitacional. Siga os exemplos, meu filho e seja feliz. Eu e sua mãe Yara Queiroz, sentimos sua falta, percebemos que o apartamento ficou vazio sem sua presença, mas vai será bom para você., no futuro: suportaremos porque um ano passa rápido demais para nós, que já dobramos o “cabo da boa esperança”; talvez para você, estudando o dia todo, demore uma eternidade! Ah, como você nos faz falta, mas sabemos que amanhã você será feliz com a carreira que escolher livremente. Se for direito ou outra qualquer, o importante é que se dedique e cumpra eticamente suas atividades, porque o mercado exclui os profissionais incompetentes, selecionando apenas os bons. É isso que desejamos para você, filho nosso!. Mas se for para seu bem, seu futuro e sua felicidade, aguentaremos o silêncio em que se tornou nosso apartamento, com seu quarto vazio das 6 horas até as 18:30 horas, quando você volta da aula. Faremos tudo para que você seja feliz, mesmo eu participando pouco de sua vida há pelo menos 9 anos, dos quais pelo menos sete sendo submetidos a cirurgias e ficando até 90 dias dentro de hospitais, internado. Seja feliz, meu filho, mesmo com a casa vazia. Um dia ela ficará cheia de seus colegas da faculdade de novo e isso é o que desejamos para você.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

FAUSTO II - POEMA DE EDUARDO ANTONIO GOSSON.

FAUSTO GOSSON

FAUSTO – II

 Acordar 
 A cada manhã 
 E não te ver, meu filho,
 Dói mais do que o Retrato na parede
 Do poeta Carlos Drummond 

 Acordar 
 A cada manhã
 E não te ver, filho meu, 
 Faz com que os dias 
 Tornem-se lentos 

 Acordar
 A cada manhã 
 E não te ver, filho meu, 
 Faz do tempo 
 Uma ilusão 

 Agora repito as últimas palavras
 Que de te ouvi: 
 “-Eu queria dormi eternamente” 

 (Eduardo Gosson)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O DESAFIO ISLÂMICO - TOMISLAV R. FEMINICK (*)



 
TOMISLAV  R. FEMINICK


 Os árabes são povos semitas, originários da região que hoje chamamos de península arábica, habitando-a desde a segunda metade do II milênio a.C. Embora as inúmeras diferenças que havia de grupos para grupos, tinham como ponto de identificação comum a língua, apesar de existirem vários dialetos. Além dos beduínos, pastores nômades, havia tribos sedentárias, dedicadas à agricultura. Andarilhos por excelência, eles foram muito além de suas terras de origem. Os primeiros registros da presença de árabes na Palestina datam de aproximadamente 1500 a 500 a.C., fato que enseja a teoria de que árabes e hebreus teriam uma origem comum, seriam originários do mesmo tronco étnico e até familiar. Ismael, filho de Abraão, seria o ancestral dos árabes; Isaac, irmão de Ismael, seria o ancestral dos hebreus. A expansão árabe antecedeu Maomé e ao islamismo. Antes da era cristã eles se espalharam pela Mesopotâmia, Síria, Palestina e Egito. No início do século V a.C., o norte da Mesopotâmia já era uma terra árabe. Os espaços geográficos de origem e vida dos árabes sempre foram palco de lutas, guerras, conquistas e colonização, com os vencedores impondo suas respectivas culturas. O oriente próximo sempre foi cenário de longas e prolongadas lutas, desde que se tem registro de sua história. Persas, gregos, macedônios e romanos estenderam suas guerras de conquista até as terras árabes, que não ficaram imunes a essas sucessivas ondas de invasores. Mais recentemente, ingleses e franceses impuseram seu domínio a esse povo. Entretanto, como povo nômade e não arraigado às cidades, conseguiram manter alguns aspectos de sua maneira peculiar de ser, de sua individualidade, sem grandes mutações. A Religião Antes de Maomé (Abulqasim Mohamed ibn Abdala ibn Abd al-Mutalib ibn Hashim – nascido provavelmente em 570, e falecido em Medina, em 8 de junho de 632), na Arábia eram praticadas várias religiões, entre elas o cristianismo bizantino, o judaísmo e seitas politeístas de veneração de deuses tribais. Eram adorados centenas de deuses. Foi então que Maomé teria tido visões do arcanjo Gabriel, nas quais lhe teria sido revelada a “religião verdadeira”, o islamismo ou Islã, cujos crentes são chamados muçulmanos, “os que se submeteram” à vontade divina. Quando Maomé iniciou suas pregações monoteístas encontrou forte resistência, principalmente em Meca, na época já um centro de peregrinação religiosa, pois o santuário da Caaba abrigava os deuses de todas as tribos da península. Forçado a fugir para Medina em 622, dez anos depois Maomé voltou à frente de um exército e ocupou a cidade. Quando ele morreu, em 632, o islamismo já tinha se expandido por toda a península arábica e pelo sul da Síria e os árabes tinham um Estado que começa a se sedimentar política e estruturalmente. Segundo o historiador Fernand Braudel (1989), “as origens imediatas do islã nos põem em presença de um homem, um livro e de uma religião”. E a propagação religiosa e política dos maometanos foi avassaladora. Em poucos séculos cobriu uma área impensável, se medidos o contingente populacional e os recursos de que dispunham inicialmente. Na própria península assumiram o poder nas regiões que hoje formam a Arábia Saudita, Barein, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Omã e Iêmen, bem como outros Estados do Oriente Médio como a Turquia, Chipre, Iraque, Irã, Sudão, Síria, Egito, Líbano, Israel e Jordânia, além da Etiópia e da Eritréia. Mais para o leste, o Paquistão, Afeganistão, Usbequistão, Turquestão, Casaquistão, o Turquestão chinês, Sind, Punjab e Ode, estes três últimos na Índia. No norte da África a Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos. No ocidente da Europa parte da Espanha e de Portugal, a Sicília e a ilha de Malta. Nos Bálcãs e no oriente Europeu, a Grécia, Bulgária, Macedônia, Sérvia, Bósnia e a Hungria. Os mares Mediterrâneo e Vermelho quase se transformaram em mares islâmicos e as costas orientais do Oceano Índico eram seus domínios. No processo de anexação política de outros povos, os árabes cooptaram grande parte das populações conquistadas, fazendo-as assimilar a sua língua, religião e cultura, ao mesmo tempo em que se apropriavam de vários aspectos da cultura local. Dissidências e Rixas Entretanto nunca houve uma unidade religiosa e, muito menos, política. Os sunitas e os xiitas seguem dogmas religiosos divergentes. Para os xiitas a herança islâmica pertence aos descendentes de Ali, marido de Fátima, sobrinho e genro de Maomé. Por outros motivos, os xiitas se dividem em duodécimos, zaiditas e ismaelitas; estes subdivididos em carmatas e fatímidas. Já os sunitas são seguidores de All-Abbas, tio de Maomé, e acreditam que a autoridade espiritual pertence à comunidade como um todo e se subdividem em hanafitas, malequitas, chafeitas e hambanitas. “A igreja xiita, assim, era uma igreja de autoridade, ao contrário da Igreja sunita, que é uma igreja de consenso” (MOUSNIER, 1995). Os sunitas e xiitas têm período de convivência relativamente pacífica, porém o normal é uma acentuada rivalidade que, amiúde, resulta em lutas e guerras fratricidas. Há outras dissidências, tanto sunitas como xiitas, bem como outras divisões do islamismo, entre elas, os zeiitas, hanafitas, malequitas, chafeitas, bahais, drusos e hambaditas. Do ponto de vista político as lutas entre as várias facções sempre foi uma marca no mundo árabe. O segundo e o terceiro sucessores de Maomé foram assassinados durante os seus governos, quando a sede do califado ainda era em Medina. Califados diferentes pertenciam a dinastias diversas e tinhas sedes em cidades diferentes. No califado de Damasco, estava a dinastia omíada; no de Bagdá, a dinastia abássida; em Córdoba, a dinastia omiada de Al-Andalus. Mais tarde, no Egito os mamelucos e na Turquia os otomanos. Rebeliões, revoltas, lutas e guerras fazem a história do mundo do Islã, com resultados de anexação e separação de territórios conquistados. A expansão O norte da África (Argélia, Líbia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia) foi conquistado pelos maometanos entre os anos de 647 e 700, abrindo rotas que ligavam as costas norte e leste ao interior e sul da África. Antes dos árabes, no norte estavam os egípcios, os berberes e os tuaregues, esses últimos formados por berberes nômades; no centro-sul, mais de 800 etnias negras. Os berberes conheciam os caminhos do deserto do Saara e por eles mantinham contatos comerciais com os povos negros. Foi por meio dos berberes que o islã alcançou alguns reinos negros. Já no século VII os árabes ocupavam ou manobravam áreas estratégicas no orientes do continente negro. Enquanto Dongola estava no primeiro caso, isto é, foi ocupada pelos árabes, os dirigentes Núbios firmaram tratados que permitiam a presença muçulmana em suas terras, resultando no surgimento de uma série de feitorias árabes entre os territórios da atual Somália e de Moçambique, o que facilitou a presença de pregadores e comerciantes islâmicos em Madagascar, desde o século IX. Referindo-se à dilatação geográfica do poderio islâmico na África Oriental, Denise Palmer (1977) diz que “os árabes encontraram a sua principal fonte de enriquecimento na venda de escravos que os chefes negros do interior, com quem tinham relações, capturavam por meio de razias”. Foi nos anos de 710 e 713 que os árabes tomaram posse de grande parte da península ibérica, onde permaneceram por aproximadamente sete séculos. Nos primeiros trezentos anos era apenas a província de Andaluz, a partir do século X a sede de um califado, com capital em Córdoba e depois em Medinat-al-Zahra. Uma das características da ocupação moura na península ibérica foi a convivência relativamente pacífica das populações islamitas, católicas e judias, nas regiões ocupadas; fato que não impedia as frequentes lutas entre os reis católicos e os “invasores hereges”, com intervalos de paz e até de alianças conjunturais. A expulsão dos mulçumanos da Espanha e Portugal foi concluída em 1492, com a recuperação do reino de Granada. Hoje é comum se referir como árabes não os seus descendentes genéticos, mas sim todos os povos que adotam a língua árabe ou o islamismo como religião oficial ou predominante, em uma vasta área do planeta, que vai da Mauritânia, na costa atlântica da África, ao sudoeste do Irã, abrangendo o norte da África, o Egito, o Sudão, a península arábica, a Síria e o Iraque. Note-se que muitos desses países não adotaram a língua árabe. A identidade religiosa dos povos árabes ou arabizados é tão forte que hoje eles são, indistintamente, conhecidos como islamita, maometano, muçulmano ou sarraceno. A Jihad O Jihad (ou Jiade) é um dos fundamentos do islã. Significa empenho na buscar e conquista da fé perfeita. Tem dois significados religiosos: a) melhoria do individuo sob as leis do islamismo b) melhoria da humanidade, pelo esforço que os muçulmanos para levar a religião islâmica para um maior número de pessoas. O Jihad pode ser alcançado pelo coração, purificando-se espiritualmente na luta contra o diabo; pela língua e pelas mãos, difundindo palavras e comportamentos que defendam o que é bom e corrijam o errado; ou pela espada, praticando a guerra física. Há interpretações de que no O Alcorão – o livro sagrado do islamismo – existam mais de uma centena de “revelações” de caráter militar ou de guerra. No passado recente, o termo Jihad tomou uma conotação de “guerra santa” desde quando o Aiatolá Khomeini assumiu o controle do Irã, depois de liderar uma revolução contra as ideias e modo de vida do ocidente. De lá para cá outros movimento fundamentalistas têm acentuado esse aspecto: Jihad Islâmica da Palestina, Al-Qaeda (de Osama bin Laden), Taliban, Jihad Islâmica Egípcia, Irmandade Muçulmana etc., e mais recentemente o Estado Islâmico e Boko Haram. Milhares de pessoas já morreram ou mataram em nome de Alá no massacre nas Olimpíadas de Munique, no ataque as torres gêmeas de New York, nos levantes da primavera árabe, nos ataques no metrô de Madri, na Nigéria, no Afeganistão, no Paquistão no Iraque, na Síria e tantos outros lugares e ocasiões. Em muitas desses atentados os alvos preferenciais era cristãos, como denunciou o Papa Francisco durante sua mensagem de Natal, em dezembro passado. Será que tudo isso era desejo do Profeta? _______

 Parte desta matéria foi extraída do livro de autoria do professor Tomislav R. Femenick “Os Escravos: da escravidão antiga à escravidão moderna” (São Paulo: Editora CenaUn, 2003).

(*) Historiador membro da diretoria do IHGRN 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

DE PIRATAS, DE PRINCESAS E DE CANTORAS GOSPEAL - POR EDUARDO GOSSON (*)


EDUARDO GOSSON


 Quando pensávamos que a Monarquia estava extinta no Brasil, eis que encontro na Av. Xavier da Silveira, em Morro Branco, Natal-RN, indícios destes tempos bons que, no Brasil, durou cinquenta anos e foi responsável pela estabilidade política, permitindo a nossa consolidação como Nação. Os piratas que aportaram no RN eram franceses - Jacques Riffoles e suas embarcações que descansavam no Rio Potengi. Hoje, como vizinho, tenho João Maria Pirata que tem apenas um olho. O outro , João Maria Pirata perdeu numa luta com traficantes de cocaína. Traficou dos 13 aos 45 anos. Pertenceu ao grupo de Fernandinho Beira-mar, até que foi tocado pela mão do Espírito Santo. Hoje, João Maria Pirata é o irmão João - servo de Deus. E para não perder o reinado ele cria uma cachorra de nome Princesa. Desde o dia que chegou na vizinhança, late 24 horas sem parar. Para completar temos uma cantora gospeal, esposa do irmão João, que à meia-noite faz o seu show particular, convidando-nos para os braços de JESUS. Promete-nos a Salvação. Decida-se porque JESUS está voltando para pegar a sua igreja. 

 (*) Poeta, presidiu a UBE-RN de 2008-2013