quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - VIII - TOMISLAV R; FEMINIC K



A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte - VIII- Tomislav R. Femenick – Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

 O relato do ataque da Coluna Prestes à cidade de São Miguel contado pelo senhor José Guedes – e publicado pelo historiador Luiz Gonzaga Cortez – embora importante, tem várias falhas, contradições e evidenciam alguns preconceitos. Alguns exemplos eu já publiquei em artigo anterior e hoje constato mais alguns. O depoimento procura fazer ver que não houve “nenhum heroísmo da população de São Miguel/RN nos enfrentamentos da Coluna Prestes, em fevereiro de 1926”, porém muda de atitude quando os revoltosos fogem da luta. Essa fuga deu-se quando os elementos da Coluna tomaram conhecimento de “que no Riacho Fundo, a uma légua de São Miguel, estava havendo um grande tiroteio com a polícia”. Então os oficiais da Coluna abandonaram a cidade e “mandaram levantar acampamento e todos rumaram para a estrada”. Pelo depoimento de José Guedes, os civis que estavam defendendo sua cidade e suas famílias eram covardes, mas os militares muito bem armados e com grande experiência de combate apenas queria evitar a perda de seus homens. Outro aspecto do depoimento do senhor José Guedes demonstra o preconceito do próprio Luís Carlos Prestes contra os nordestinos. O texto atribui as seguintes palavras ao líder da Coluna: “essa mundiça não merece a mínima confiança; os sulistas são bons, mas trazemos um pessoal do Maranhão e do Piauí que ninguém tolera”. Rostand Medeiros (2010) nós diz que, após saírem de São Miguel, a Coluna Prestes “seguiu em direção aos atuais territórios dos municípios potiguares de Venha Ver e Luís Gomes, onde o trajeto utilizado aparentemente foi através dos sítios Bananeira, Formoso, Bartolomeu e depois Venha Ver, na época uma fazendola com algumas casas na beira de um açude. Nesta cidade, [...] enquanto o grosso da tropa seguia adiante, alguns membros da Coluna acamparam próximos ao açude, aonde chegaram a permanecer alguns poucos dias na região, inclusive com suas mulheres. Estas utilizavam lenços e panos na cabeça de cor vermelha, mostrando orgulhosamente que faziam parte do grupo rebelado. [...] Após saírem deste lugarejo, a Coluna de Revoltosos seguiu em direção à propriedade Cacos (ou Cactos), e após passarem pela Ladeira dos Miuns, estiveram na região dos sítios Tigre, Imbé, São Bernardo, Feira do Pau e na pequena área urbana da cidade de Luís Gomes”. No dia cinco de fevereiro daquele ano, a Coluna Prestes invadiu a vila de Luís Gomes, que estava praticamente abandonada pelos seus moradores. Segundo narra o escritor Itamar de Souza (1989): “O povoado preparara-se para resistir. Mas, quando os habitantes da vila receberam o aviso de que os rebeldes estavam no Imbé, a debandada foi geral. Repetiram-se as mesmas cenas consignadas na invasão da vila de São Miguel. Primeiro, dominaram a estação telegráfica, em cujas instalações almoçaram alguns Oficiais do Estado Maior. Depois que tentaram notícias sobre a situação das forças legalistas em Pau dos Ferros, eles quebraram o aparelho de transmissão. Enquanto isto, os rebeldes saqueavam e arrombavam casas comerciais como verdadeiros vândalos. De Luís Gomes, eles se dirigiram para o território da Paraíba”. A análise que Rostand Medeiros faz desse evento é taxativa: “Em Luís Gomes se repetiram as ‘ações revolucionárias’, com uma sequência de saques de casa residências e comerciais. Foram provocados incêndios no cartório e na agência dos correios. Já no dia 6 de fevereiro, os revoltosos deixaram Luis Gomes e o Rio Grande do Norte, adentrando na Paraíba”. Uma última palavra deve ser dada em relação ao importante texto de memória do senhor José Guedes do Rego sobre a passagem da Coluna Prestes por São Miguel. Todos os autores de memórias as fazem no intuito de contribuir para a afirmação da verdade. Porém “a formação cultural do indivíduo não lhe permite uma isenção de valores, ao apreciar o fato. Então, o que vai alterar a consecução da narrativa, é o envolvimento maior ou menor do autor com um fato [...]. O autor se revela através de seu texto, seja ele histórico ou não. Fazendo uma análise do passado, ele atinge o presente. Quer confirmando a versão oficial quer apresentando abordagens diferentes, o autor sempre está buscando uma razão para a sua vida atual. Talvez, abandonando a postura de aceitar as coisas apenas como elas nos são passadas, o homem possa, através da volta ao passado, compreender a si mesmo” (Souza, 2005)

domingo, 26 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (15) Por: CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.

L

Chegou a hora de dar adeus ao veraneio em Cotovelo 2013/2014. As obrigações nos convocam a retornar à selva de pedra. Às vezes chego a pensar que veranear é um exercício de masoquismo, pois após momentos lúdicos somos abruptamente chamados à realidade e forçados a deixar tudo e voltar à rotina. São coisas impostas pela vida! Em Cotovelo vivenciamos dias e noites que ficarão gravadas em nossa memória familiar e individual. Com especial carinho registro os parentes que vieram abraçar Rosa em seu aniversário e ontem, os seus velhos colegas do Colégio das Neves – dois momentos inesquecíveis. O contato com a natureza. A visita permanente dos parentes e amigos preencheram os dias do veraneio, aliados à paz para boas leituras, filmes selecionados, escrever minhas Cartas e meditar, num caleidoscópio de emoções permanentes. As mensagens dos amigos nos confortaram e fizeram fortalecer nossas amizades, não deixando que o tédio tomasse conta dos muitos momentos de solidão. Este ano atrevi-me a escrever mais que o normal, arriscando a primeira experiência no campo do romance ou conto. Vou ainda fazer algumas complementações e verificar se valeu a pena – o tempo dirá. Fica um pouco de saudade desses momentos tão agradáveis vividos, na esperança que nenhum imprevisto impeça a volta quando outro verão chegar. Esperamos que as coisas evoluam para as melhorias do sistema de esgoto, tão badalado, mas ainda sem funcionamento; que a edilidade e o MP resolvam a poluição sonora das casas de show em Pirangi, que se estende a Cotovelo e nos deixem em paz, sem quebrar a placidez dos momentos que procuramos descansar; que a comunicação via internet seja facilitada. Confesso – a nostalgia invadiu o meu espírito. Fui dar a última vista d’olhos no mar de janeiro. Sentei-me no alpendre e ouvi vários discos de Edith Piaf; li os jornais do dia; joguei uma partida de dominó com Carlos Neto e agora vou aguardar a irradiação do primeiro jogo oficial da Arena das Dunas. Vou dormir a última noite do verão de Cotovelo, pois amanhã enfrentaremos o caminho da volta. Não quero olhar para traz para evitar a sensação desagradável da partida. Se tudo correr bem, voltarei nos finais de semana para interromper a prescrição, como me dizia sempre o saudoso amigo Mário Moacyr Porto (sempre repito isso porque é gostoso. Cada dia tem o seu próprio problema e o tempo pertence a Deus!

sábado, 25 de janeiro de 2014

REMÉDIO AMARGO, NEM SEMPRE CURA. TOMISL\AV FEMINICK




REMÉDIO AMARGO EM SEMPRE CURA. 
TOMISLAV R. FEMINICK- MESTRE EM ECONOMIA E CONTADOR


A política do Estado mínimo e o laissez-faire criaram as condições para o surgimento dos monopólios e oligopólios, do capitalismo selvagem e do imperialismo político-econômico. Assim, no século XIX, as antigas colônias e os novos protetorados se transformaram em fornecedores de matérias-primas e consumidoras de produtos fabricados na Europa e nos Estados Unidos. Essa situação criou duas contradições, uma externa outro e interna: a) os países centrais desenvolviam suas economias em ritmo nunca visto, enquanto que nas colônias e nos países periféricos esse fenômeno se dava em escala ínfima, quando não negativa, pois recebiam muito pouco pelas matérias-primas; b) nos países polos do desenvolvimento industrial havia os que se beneficiavam do crescimento econômico e os que eram explorados ao extremo para que esse crescimento pudesse haver, pois as relações de trabalho eram de exploração sem controle. Esse cenário gerou as condições ideias para o surgimento de teorias que se contrapuseram ao Estado mínimo e o laissez-faire; as teorias socialistas. Seus primeiros formuladores foram os franceses Saint-Simon, Charles Fourier e Louis Blanc e o galês Robert Owen, que propugnavam por um socialismo ideal, sem indicar como alcançá-lo. Por isso suas ideias são chamadas de “socialismo utópico”. Depois, essas teorias foram aprimoradas por Pierre-Joseph Proudhon e Karl Eugen Dühring, que exigem uma igualdade real para todos, porém também sem dizer como consegui-la. No conjunto, o socialismo utópico ia da boa vontade filantrópica ao reformismo do capitalismo. A outra corrente que surgiu foi a do “socialista científico”, defendida por Marx e Engels, cujas bases foram suas análises criticas do próprio capitalismo. Marx sempre foi a personagem central e Engels apenas um figurante. A ideia central do pensamento marxista era de que as contradições endógenas, que se originam no interior do modo de produção capitalista fariam com que o sistema desmoronasse (em função da luta de classes) e em seu lugar apareceria o socialismo e logo depois o comunismo. No Manifesto Comunista eles fazem algumas poucas propostas do que seria o socialismo científico: centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, expropriação da propriedade da terra, abolição do direito de herança, confiscação da propriedade de todos os emigrados, centralização nas mãos do Estado do sistema bancário e dos meios de transporte. Foi uma visão antecipada do “Estado máximo”. Heilbroner (1997), diz que Marx, “na verdade, escreveu quase nada sobre como a nova sociedade deveria ser [...]. É preciso ter claro que Marx não foi o arquiteto do atual socialismo. Esta gigantesca tarefa caberia a Lênin”, que dirigiu o modelo de centralização do controle econômico, político e social da União Soviética, sob a égide da ditadura do proletariado; amarga, porém seria necessária. Segundo Stalin, “A ditadura do proletariado surge [...] da expropriação dos latifundiários e dos capitalistas, no curso da socialização dos meios e dos instrumentos essenciais de produção”. O problema foi que o socialismo científico não se mostrou tão científico assim. A ditadura, que era para ser do proletariado, passou a ser a ditadura da nomenclatura (a elite) do Partido Comunista. Por outro lado, a tarefa de, ao mesmo tempo, legislar, normatizar, planejar, executar e distribuir a produção se mostrou tremendamente ineficiente. A centralização econômica foi a causa do desmoronamento dos países ditos socialistas. Caíram sem um tiro de estilingue. Tribuna do Norte. Natal, 25 jan 2014. O Mossoroense. Mossoró, 23 jan 2014.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RN - UBE/RN COMUNICADO N º 01/2014



UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RN - UBE/RN 
 Comunicado nº 01/2014 

 Através do presente Comunicado ficam todos os membros da Diretoria Executiva, do Conselho Consultivo e do Conselho Fiscal (biênio 2014-2015) convocados à 1ª Reunião Ordinária com a seguinte ORDEM DO DIA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O BIÊNIO 2014-2015 

 Data: 30.01.2014 (quinta-feira) 
 Hora: 16h 
 Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras - ANL Rua Mipibu, 443 - Cidade Alta 

 ROBERTO LIMA DE SOUZA
 Presidente 

 A SUA PRESENÇA É MUITO IMPORTANTE!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

CÂNTICO PARA NOSSA SENHORA DO SILÊNCIO POR EDUARDO GOSSON.




CÂNTICO PARA NOSSA SENHORA DO SILÊNCIO 


Nossa Senhora do Silêncio Rogai por nós 
 Que não entendemos
 Que o silêncio é revolucionário 
 Quando estamos a contemplar
 Deste lugar privilegiado
 – Os jardins da casa do poeta Roberto Lima

- A Tua beleza, Oh! Mãe de Deus e das azulinas em flor 

 (Eduardo Gosson)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - VII - TOMISLAV R. FEMINICK.

A Coluna Preste no Rio Grande do Norte - VII 
 Tomislav R. Femenick(*)
 – Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN 

 Uma das tarefas mais árduas do historiador ao relatar um acontecimento histórico é manter-se imparcial perante os acontecimentos e para isso há que “separar o joio do trigo”, os fatos das versões e, principalmente, se desviar das ciladas preparadas por fontes cheias de preconceitos, lacunas propositais e interpretações ideológicas. No caso das ocorrências mais recentes, eventos das primeiras décadas do século passado, por exemplo, nem as fontes primárias (depoimentos de pessoas envolvidas, documentos escritos, fotografias etc.) escapam dessa armadilha. É o que se dá quando se escreve sobre episódios da Coluna Prestes. Muitos dos relatos primários estão impregnados de versões adversas à realidade, de ataques injustificados ou com viés de caráter laudatório. O mesmo também acontece com as fontes secundárias, a historiografia baseada nas fontes primárias. É o caso de uma obra de Jorge Amado, um dos maiores escritores do país que, ao escrever sobre a Coluna Prestes, produziu uma versão edulcorada, doce, mansa, suave. “Vida de Luis Carlos Prestes: el caballero da Esperanza”, foi escrita em Buenos Aires em 1942 e publicada em espanhol, pelo Editorial Claridad, depois reeditada no Brasil pelas editoras Martins, Record, Circulo do Livro e mais recentemente pela Cia. das Letras. Segundo Marcelo Bortoloti publicou na revista Época em dezembro passado, a biografia de Prestes escrita pelo escritor baiano é laudatória, sem equilíbrio e com grande dose de parcialidade. Estranhamente o próprio autor (ou a Editora Record) baniu o livro da relação de “Obras de Jorge Amado”, inserida na última página do seu romance “Tieta do Agreste”, publicada em 1977. Talvez tenha sido porque o pensamento político de Jorge tenha mudado quando ele deixou o Partido Comunista, em 1958, e ele já não mais concordava com o que tinha escrito sobre Prestes. Essas palavras – a propósito da necessidade de “exigência crítica” sobre as fontes primárias e secundárias dos relatos históricos – estão sendo aqui inseridas com referência à série de artigos que está sendo publicada pelo historiador Luiz Gonzaga Cortez (meu confrade do Instituto Histórico e Geográfico do Rio do Norte), sobre o mesmo evento aqui abordado: a passagem da Coluna Prestes pelo Rio Grande do Norte, em 1926. Minhas únicas vantagens é que comecei primeiro e falo sobre o Rio Grande do Norte e ele, até agora, tem falado somente sobre São Miguel. No resto estamos juntos na tarefa de reavivar a historia de uma época que poucos conhecem, história presa nas páginas de livros velhos armazenados em estantes empoeiradas ou em papéis amarelecidos pelo tempo. Cortez tem baseado seu trabalho em um depoimento feito por José Guedes do Rêgo, em “cinco páginas datilografadas sobre o que viu e ouviu”. E, com muita sutileza, desde o primeiro artigo tem deixado aflorar fatos contraditórios ou que mostram a parcialidade do depoente. Em primeiro lugar deixou ver que na cidade de São Miguel uma parcela da população – certamente a maior – tomou posição contraria aos revoltosos e outra se dispôs a acolher e dar guarida os membros da Coluna. No primeiro caso estavam os liderados pelo presidente da Intendência Municipal (prefeito), cel. João Pessoa de Albuquerque, também conhecido por João Leite; no outro, estavam os simpatizantes dos revolucionários, os que acompanhavam o comerciante Manoel Vieira de Carvalho que, segundo o historiador Rostand Medeiros (2010), hospedou os líderes dos revoltosos em sua na casa e “buscou receber o grupo da melhor forma possível”, com o que garantiu a segurança de sua família e a integridade de seu patrimônio, enquanto que o cel. João Pessoa e seus familiares tiveram que se refugiar na zona rural. A descrição que José Guedes do Rêgo faz dos fatos – segundo mostra Cortez – é ambígua. Ao mesmo tempo em que indiretamente louva a atitude de seu empregador (sim, em 1926 Zé Guedes era empregado de Manoel Vieira de Carvalho), classifica o cel. João Pessoa, um cidadão com 72 anos de idade, como “fujão” e “chefete” e apresenta seu filho, José Augusto Pessoa, como um covarde “que nunca se envolveu em luta”. Luiz Carlos Prestes esteve ligeiramente na zona urbana de São Miguel, deixando o comando das operações a cargo dos tenentes João Alberto, Siqueira Campos e Djalma Dutra. O líder da Coluna passou a maior parte do tempo em seu Estado Maior, localizado a pequena distancia da cidade. Porém em determinado momento o comando dos revoltosos, a convite do próprio Manoel Vieira, se instalou na sua residência “como se fosse seu escritório e começaram a ouvir todas as pessoas que conseguiram prender fora da cidade”. Isso está dito no depoimento de José Guedes do Rêgo, que teria presenciado o episódio. Comentando a passagem da Coluna Prestes por nosso Estado, o historiador Geraldo Maia, em artigo de 01.04.2009, sintetizou: “o fato histórico ocorrido aqui na região, mostrando que longe de atingir os seus objetivos, a Coluna dos Revoltosos, como ficou aqui conhecida, deixou um rastro de medo e destruição”. João Pessoa de Albuquerque foi Presidente da Intendência de São Miguel de 1911 a 1913, deputado estadual em 1915 a 1926 e, em 1963 quando o antigo distrito Baixio de Nazaré foi desmembrado de São Miguel e se tornou Município, recebeu o nome de Coronel João Pessoa, em sua homenagem. Depois da Revolução de Trinta, Manoel Vieira de Carvalho foi prefeito nomeado de São Miguel de 1930 a 1932. José Guedes do Rêgo foi eleito vice-prefeito de Pau dos Ferros em 1957.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O CAPITALISMO, O MANIFESTO E A ENCÍCLICA. AUTORIA DE TOMISLAV FEMINICK.





Entre o início da revolução industrial no século XVIII e as primeiras décadas do século XX, a política de “Estado mínimo” – associada à doutrina do laissez-faire - ensejou o aparecimento de oligopólios e monopólios e fez aparecer o lado mais desumano do capitalismo primitivo: o capitalismo selvagem. Sem nenhuma disposição legal estabelecendo normas de relações de trabalho entre proprietários dos meios de produção e produtores diretos, o padrão empresarial se regulava somente por um dispositivo: obter mais lucro. Nessas condições, o trabalho nas fábricas era terrível: longas jornadas, ambientes insalubres, fechados, sem ventilação e iluminação adequadas. Crianças, idosos e adultos, todos com jornada diária que chega a dezesseis horas, sete dias por semana. Por outro lado, as cidades recebiam contingentes de camponeses que abandonavam as zonas rurais em crise. Esses novos habitantes urbanos alimentavam a crescente necessidade de mão de obras das indústrias e iam morar em casebres imundos, sem água, luz e esgoto. As cidade mais inchavam que cresciam. Em Londres, Nova York, Berlim, Rio de Janeiro, na Índia, China, Japão em todo parte, os trabalhadores viviam uma vida abjeta e sem esperanças, enquanto as corporações cresciam e se multiplicavam e o comércio se expandia internamente e entre os países, sob a hegemonia do Império Britânico e de outras potencias; todas impotentes para solucionar os graves problemas enfrentados pelos trabalhadores. As grandes reações ao capitalismo selvagem foram a revolução francesa de julho de 1830, os movimentos de massa que aconteceram na Europa (notadamente na Inglaterra e Alemanha) e, mais tarde, nos Estados Unidos com as manifestações de rua e a greve geral de Chicago, em 1886. Foi nessa época de confrontação que, em fevereiro de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels lançaram o Manifesto Comunista, um contra ponto ao Estado mínimo. Baseado em um projeto de socialismo científico, propuseram uma “fórmula única: abolição da propriedade privada [...], por uma violação despótica dos direitos de propriedade e das relações burguesas de produção [...]. Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas em prática”: abolição do direito de herança, confisco da propriedade de todos os emigrantes, centralização bancária e de todos os meios de transporte nas mãos do Estado, trabalho obrigatório para todos. Haviam outras proposituras. Na mesma linha de reação à desumanidade praticada pelo capitalismo selvagem, em maio de 1891 o Papa Leão XIII publicou a sua célebre encíclica Rerum Novarum, pela qual a Igreja Católica tomou uma posição de confronto com o liberalismo selvagem e com o pensamento dos comunistas. Denunciou a situação de “um pequeno número de ricos e opulentos, que impõem, assim, um jugo quase servil à imensa multidão de proletários”, e se opôs aos socialistas que, “para curar esse mal [...] pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida [...]. Mas, semelhante teoria, longe de ser capaz de por termo ao conflito, prejudicaria o operário se fosse posta em prática. Outrossim, é sumamente injusto, por violar o direito legítimo aos proprietários, viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social”. Então, usando a lógica da dialética de Hegel, o capitalismo selvagem (tese) teria sido confrontado por comunistas e catolícos (antítese), o que teria dado origem a uma outra forma de capitalismo (síntese), um capitalismo menos selvagem e mais humano.





 Tribuna do Norte. Natal, 19 jan 2014

Tribuna do Norte. Natal, 19 jan 2014. O Mossoroense. Mossoró, 17 jan 2014.O Mossoroense. Mossoró, 17 jan 2014.

COMBATE ÀS TREVAS XIX - POR JOSÉ CASADO.



 Entrou no ar a Rede Coca, grupo de emissoras de rádio dos produtores bolivianos de folha de coca. Criada pelo Estado, foi inaugurada na semana passada por Evo Morales, que há sete anos acumula a Presidência da República com o comando da federação dos cocaleros. A Bolívia, sob Morales, virou o terceiro maior produtor mundial de coca e cocaína - a liderança é disputada entre Peru e Colômbia. O país cultiva 27 mil hectares de folha e exporta para o Brasil quase toda a produção de cocaína. Hoje, em Nova York, o presidente boliviano vai à ONU defender a legalização da coca. Morales é do tipo que se supera cada vez que fala: “Sinto que a folha de coca vai enterrar o capitalismo”, disse ao entregar a terceira emissora da Rede Coca, em Yungas, arredores de La Paz. É um caudilho à maneira de Manuel Melgarejo, o ditador (entre 1864 e 1871) que se via como instrumento de Deus “para realização de seus misteriosos desígnios, relacionados com o destino da nobre porção da humanidade que povoa a Bolívia”. Alcoólatra, Melgarejo considerava Napoleão “superior a Bonaparte” e abria reuniões ministeriais com um grito: “Silêncio, canalhas!” Numa crise financeira, ordenou a invasão do vizinho Peru para “levantar fundos com empréstimos forçados”. Recuou depois da ressaca. Sóbrio, Morales se vê como uma espécie de missionário da coca. Acha mais importante “defender os direitos da Mãe Terra que defender os direitos humanos”. Mantém uma visão peculiar sobre o papel feminino na sociedade: “Quando vou às vilas, todas a mulheres ficam grávidas e em suas barrigas escrevem: 'Evo Cumpre!'” É candidato à reeleição, em outubro, com apoio do governo Dilma Rousseff. Pouco afeita à política externa, a presidente abraçou Morales e se meteu em um atoleiro político do qual não consegue sair há 19 meses. Numa tarde de segunda-feira, 28 de maio de 2012, o líder da oposição boliviana, que denunciava o crescimento do poder do narcotráfico no governo Morales, entrou na embaixada em La Paz e pediu abrigo. Dilma relevou os temores do Itamaraty, e deu instruções autorizando o asilo, conforme a tradição e a boa prática política. Não se sabe o motivo, mas em seguida o governo resolveu deixar o senador Roger Pinto Molina trancado num quarto improvisado da embaixada. Passaram-se 452 dias. Em junho de 2013, cansado do silêncio sorridente de Brasília, o diplomata Eduardo Saboia achou que o senador boliviano estava em perigo e o conduziu a Corumbá, em carro da embaixada. Dilma não gostou e trocou de chanceler. Enviou Antonio Patriota a uma estadia paradisíaca na ONU, com direito a mordomias como residência no Upper East Side, em Nova York, entre Madonna e Woody Allen. Mandou para o limbo os diplomatas de escalão inferior (Eduardo Saboia, Manuel Montenegro e Marcel Biato, ex-embaixador), deixando-os sem funções e sob processos sigilosos -até hoje inconclusos. Por fim, submeteu o senador boliviano a um novo tipo de humilhação: o inferno burocrático administrado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Há quatro meses ele promete uma decisão rápida sobre aquilo que a presidente decidiu 19 meses atrás: conceder asilo a um político ameaçado por denunciar o avanço do narcotráfico no governo Morales. Se e quando acontecer, talvez seja notícia na Rede Coca.

REDE COCA, por José Casado, O Globo - 07.01.14

domingo, 19 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (12) - ARTIGO DE CARLOS GOMES.



 O veraneio não é somente sol e mar. Durante o seu período vivemos a satisfação de visitar os estabelecimentos do comércio local, com seus produtos industrializados ou nativos, principalmente as mercearias/padarias e a feirinha de Pium, atração permanente dos turistas visitantes, com preços ligeiramente acima do padrão normal da cidade grande. Aproveita-se, também, para uma boa leitura, mais cuidadosamente selecionada, além dos jornais diários e revistas que agora chegam com regularidade. A propósito, registro um excelente ensaio publicado na Folha de São Paulo deste domingo 12 de janeiro, da autoria do neurocientista aqui radicado SIDARTA RIBEIRO, onde desenvolve um temário da atualidade – Os embates da psicodelia com a cultura da acumulação, em linguagem erudita e rica, exigindo ao leitor um raciocínio mais apurado. Na casa de praia o coletivismo campeia, permitindo refeições em comunidade, bem assim os momentos de assistir filmes ou televisão, dos jogos de baralho e dominó e, no silêncio da noite que chega mais cedo, uma maior proximidade com Deus. Os filmes em DVD também permite uma seleção, do que posso registrar, dentre outros, O Vermelho e o Negro, de Stendhal; Fausto, de Goethe; alguns mistérios de Agatha Christie; Sonata de Outono, no ocaso da grande Ingrid Bergman; A sombra da forca, Perdidos na Tormenta com MontegomeryClift; Auroras Nascem Tranquilas – filme russo do Diretor Stanislav Rostofsky, etc. Na solidão do alpendre do meu quarto escrevo as minhas Cartas de Cotovelo, programo o meu blog e, pela primeira vez em minha vida estou rabiscando um conto romanceado ou romance praiano vivenciado na praia de Cotovelo e que inspirou o meu neto Carlos Victor a ilustrar com gravuras dos seus personagens e ambiente da história. Pretendo colocar nas redes sociais, por partes, para receber os comentários e críticas.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (11) - ARTIGO DE CARLOS GOMES.


CARTAS DE COTOVELO 2014 (11) 
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

 Fazer registro de partidas não me oferece satisfação, ao contrário de quando me é ofertada a oportunidade de falar em chegadas. A vida, no entanto, nos prega peças inusitadas, que tolhe o nosso pensar, sem alternativa de reparo. Nem ao menos o tempo de recuperação da partida de três amigos e já contabilizamos mais duas – Moacy Cirne, meu colega de Faculdade de Direito da Faculdade da Ribeira até o 3º ano, quando foi atraído pela cidade grande de São Sebastião do Rio de Janeiro. Lembro-me bem de ter sido escalado para, em nome da Turma, demovê-lo da interrupção do seu Curso, mas não tive competência para convencê-lo e Moacy ganhou espaços na Cidade Maravilhosa onde permaneceu por longos anos. Eventuais retornos a Natal, para suspender a prescrição, como dizia Dr. Mário Moacyr Porto, com ele tive alguns encontros informais no Sebo Vermelho de Abimael ou em lançamentos de livros, sem que nos envolvesse algum tema específico. Um elo, porém, nos permitia afinidade – os quadrinhos, os quais sempre foram do meu gosto desde o ocaso dos anos 40 e ainda guardo os ‘Gibis e Guris’, genericamente falando, na minha biblioteca, todos encadernados por títulos, alguns desde o primeiro número; como relicário da minha feliz infância em Macaíba e em Natal até que a força do destino me tenha feito presa dos trágicos deveres, usando uma expressão do poeta Cruz e Souza. Vai o homem, fica a fama. Lembranças e saudades! O outro foi Mário Luiz Cavalcanti Moura, meu companheiro conscrito da turma de 1959 do 16º RI, a quem carinhosamente apelidamos de ‘estaca de queixo’ (peça de madeira que segurava as cordas das barracas de campanha). Dele recordo de dois episódios – o primeiro quando perdera o seu sabre num exercício durante a manobra militar daquele ano, em Capim Macio, o que lhe renderia um processo. Mas a solidariedade dos colegas de farda e da CCS, com a permissão do Comandante Mílton Freire de Andrade e do Tenente Carvalho, saiu em diligência numa grande coluna na direção do lugar dos exercícios, em toda a sua largura obtendo resultado positivo. Achamos o artefato e tudo voltou como antes no quartel de Abrantes. O outro acontecimento se deu ainda na manobra quando a gaiatice de um colega (possivelmente o presepeiro Tarcísio Motta), imitando um animal fuçava abarraca de Mário e este, com o sabre na mão bradava: ‘saí daí raposa; chô raposa’. Ao derredor as gargalhadas eram muitas. Lembranças e saudades, também!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - VI - TOMISLAV R. FEMINICK

TOMISLAV R. FEMINICK (*)

 A cidade de São Miguel, situada na região do Alto Oeste potiguar, quase fronteira com o Ceará e relativamente perto da Paraíba, foi, sem sombra de dúvida, a localidade que mais sofreu com os ataques da Coluna Prestes no Rio Grande do Norte, ocorridos em fevereiro de 1926. Esse contingente de revoltosos veio do Ceará, onde tinha atacado as cidades de Ipu, Crateús e Arneiroz. Nos dias logo anteriores ao ataque propriamente dito, as noticias davam conta que a Coluna já deixara a região do Jaguaribe e se dirigia ao Rio Grande do Norte pelo caminho conhecido como Ladeira do Engenho. Estimava-se que seu contingente era apenas “70 combatentes”. Para combatê-los, esperava-se um batalhão de Exército que estaria vindo de Fortaleza; que nunca chegou. O reforço da Polícia Militar do Estado foi direcionado para o Seridó, Mossoró e (em menor número) para Pau dos Ferros. Pelas péssimas condições de tráfego das estradas de rodagem e mesmo da precariedade das vias de transporte em geral, a população de São Miguel (que na época contava com cerca de mil e trezentos habitantes) teve se organizar para a defesa quase que somente por conta própria. O historiador Rostand Medeiros (2010) diz que a ata da sessão ordinária da Intendência Municipal de São Miguel, com data de 03.05.1926, lista nominalmente vinte “patriotas”, mas informa haver “alguns outros”. Raimundo Nonato (1966) afirma que naquela cidade o “Núcleo de Patriotas” foi composto por 20 cidadãos, quatro praças da polícia militar, além do prefeito de Pereiro-Ce, este acompanhado de mais três homens, o que daria um total de 28 defensores – embora que “a tradição oral dava notícia de que a defesa da vila fora feita por 25 homens”. Itamar de Souza (1989) confirma que a defesa teria contado com 28 homens armados. Por delegação do governo do Estado, à frente da resistência estava o presidente da Intendência Municipal (cargo equivalente ao de prefeito atualmente), João Pessoa de Albuquerque (também conhecido por João Leite e Coronel do Baixio de Nazaré), coronel da Guarda Nacional, deputado estadual e que presidiu a Intendência Municipal de São Miguel por um período de 18 anos, de 1910 a 1928. Antes de a cidade cair em poder da Coluna Prestes, houve dois embates entre os revoltosos e os defensores de São Miguel. O primeiro deles deu-se no dia três de fevereiro, no já citado lugar conhecido como “Ladeira do Engenho”, em terras da cidade de Pereiro-CE. De onde estavam entrincheirados, os legalistas avistaram não os esperados “70 combatente”, mas “um verdadeiro exército em marcha”, de uniformes cáquis e lenços vermelhos em volta do pescoço. Mesmo assim, atiraram e conseguiram matar um dos integrantes da Coluna. Os rebeldes fizeram um recuo tático e, logo em seguida, revidaram o ataque utilizando tudo o seu treinamento militar. Então os defensores se entrincheiram em uma casa, quando acontecendo um tiroteio que teria durado cerca de duas horas, até que os defensores fugiram para outro local. Segundo Neill Macaulay (1977), dois dos legalistas foram feridos, sendo que um deles “um jagunço cearense, caiu nas mãos dos rebeldes e foi degolado”. O outro confronto entre defensores (um grupo comandados por Manoel Vicente Tenório) e rebeldes aconteceu no dia seguinte, quatro de fevereiro, no “Sítio Crioulas”, localizado perto da cidade de São Miguel. Houve uma rápida troca de tiros, que resultou na prisão de um revoltoso, Policarpo Gomes do Nascimento, e no ferimento a bala do comandante da resistência, que foi atingido na coxa esquerda por dois tiros de fuzil. No entanto não havia como menos de trinta homens, embora voluntariosos e destemidos, vencer um verdadeiro exército. Segundo Rostand Medeiros, o “documento elaborado pela municipalidade de São Miguel aponta que a Coluna de Revoltosos era composta de 2.000 homens. Os que se debruçaram sobre o assunto apontam um número mais modesto, entre 450 a 1.000”. Qualquer que tenha sido o contingente dos invasores, a diferença era considerável e apontava para a vitória dos revoltosos. Com a perspectiva de uma invasão iminente, pronta a acontecer, e temendo o que poderia ocorrer, inclusive o risco de morte, grande pare da população da cidade se refugiou em sítios, em cidades vizinhas ou simplesmente procurou se esconder na zona rural. No dia quatro de fevereiro São Miguel caiu em poder das lideranças da Coluna Prestes. Dezoito estabelecimentos comerciais foram saqueados. Repartições públicas, o grupo escolar, a agência dos correios e o cartório foram incendiados. Além disso, houve “apreensão de animais, armas, roupa e objetos diversos em diversos sítios”. Calcula-se que o saque aos estabelecimentos comerciais tenha provocado um prejuízo de mais de trezentos e sete contos de reis (SOUZA, 1989), uma fortuna na época. A passagem da Coluna Prestes pela cidade de São Miguel deixou um verdadeiro rastro de brutalidade, medo, destruição, descalabro e miséria; tudo igual às passagens das hordas de cangaceiros que aconteciam nas primeiras décadas do século passado nos sertões nordestinos. Nenhum idealismo justifica atos de execuções sumárias, saques indiscriminados (inclusive contra sitiantes pobres e carentes de tudo) e a guerra de terror. Somente a inconsequência e a leviandade explicam tais atitudes. Explicam, mas não justificam.

 O Jornal de Hoje. 

Natal, 14 jan. 1914.


(*) Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (10) - AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.



Aproveito a oportunidade do veraneio em Cotovelo para fazer um alerta aos banhistas neste período de maior fluxo de pessoas nos banhos de mar. Primeiro, a maré de janeiro necessita de cautelas com a meninada, pois o refluxo quando ela está na preamar puxa tudo o que encontra na beira da praia, inclusive pode colocar em perigo as crianças com menos peso. Ademais disso, detectei que os pescadores de vara, exatamente com o fluxo e refluxo da maré, algumas vezes têm a sua linha partida, precisamente na parte mais perigosa, onde se encontra o chumbo e os anzóis. Ontem, ao levar um neto para o banho da tarde, tive o pé enroscado num resto de nylon, com a chumbada e um anzol. Tive sorte porque o dedo do pé ficou preso e logo puxei aquele objeto que, por pouco, não cravou o anzol. Por isso, é fundamental os cuidados para esse tipo de acidente, tanto por parte do pescador que teve a linha partida, para verificar se consegue resgatar o que ficou na praia, quando possível e dos banhistas quando forem entrar na água. Esse tipo de acontecimento é muito comum, como também encontrar restos de alvenaria semienterrada, causando o risco de algum acidente. Outro aspecto que tenho notado é que nos caminhos de acesso à praia, algumas pessoas sem educação doméstica, costumam deixar lixo e, pior que isso, quebram garrafas de vidro com enorme risco para os que passam descalços. Nas minhas caminhadas diárias na beira da praia, tenho o cuidado de, no retorno, trazer um saco com resíduos deixados pelos banhistas, colocando-o nas lixeiras que existem na rua para o recolhimento oportuno pelo caminhão da limpeza. Isso não custa nada, é um ato de cidadania e de amor à coisa pública, de uso comum.. É do conhecimento de alguns veranistas, que a escadaria e o corrimão de madeira em uma das alamedas de acesso à praia, precisamente da rua Herith Correia, foi por mim colocada - inicialmente em canos de pvc revestidos e que duraram mais de 10 anos. Agora substitui por corrimão de madeira de lei e espero que todos o preservem. Esse modesto equipamento é fundamental para as pessoas idosas, como hoje eu o sou. Mas ao tempo em que resolvi fazer o serviço, foi em respeito a um casal de idosos que morava logo na primeira casa da Avenida principal e que já são falecidos, que ficavam apenas a contemplar a vastidão marinha e com a escadaria passaram a por os pés na areia e na água. O mar é bem de todos e os acessos são componentes importantes para nosso deslocamento. Um último esclarecimento: não sou candidato a nada, mas apenas a continuar usufruindo dessa natureza exuberante que Deus nos deu inteiramente de graça!
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

CAMPANHA DE COMBATE ÀS DROGAS - NÃO À LEGALIZAÇÃO DA MACONHA! AUTORIA DE EDUARDO GOSSON.

EDUARDO GOSSON

FERREIRA GULLAR, POETA, ENSAISTA E ESCRITOR,
  “Quanto às drogas, não acredito que legalizá-las seja a solução. A venda de cigarros, de remédios, de pedras preciosas não é proibida, mas existe tráfico dessas mercadorias, não existe? A descriminalização não vai acabar com o tráfico, porque ele, de fato, é mantido por quem consome drogas, já que não existe comércio, legal ou não, sem consumidor. O caminho correto, a meu ver, seria uma campanha, em âmbito nacional e internacional, de educação dos jovens (garotos mesmo), que os alerte para o perigo das drogas, já que, enquanto houver quem as use, haverá quem as venda.” DILERCY ADLER POETA, ESCRITORA E PSICÓLOGA “Precisamos de fortalecimento de valores compatíveis com uma sociedade mais humanizada, até porque na maioria das vezes a droga é utilizada como "fuga" do enfrentamento da realidade dolorosa, da competitividade e sensação de fracasso, do desamor, da desconfiança constante do outro, do medo de sermos enganados. Claro que em toda situação existem múltiplos fatores que a determinam, e cada caso é um caso. O fato é que: se a descriminalização sozinha não é a saída, a proibição também não é.” EDUARDO GOSSON, POETA E ESCRITOR “Legalizar o que não presta dói; por que não legalizar o amor, a esperança, a solidariedade? Diga não às drogas e construamos uma sociedade onde viver seja bom ao pensamento”

CARTAS DE COTOVELO 2014 (9) - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.


Inimizade não faz parte do meu culto e lamento a partida dos conhecidos e amigos, com maior intensidade daqueles com quem convivi em algum momento da minha existência. Parafraseando a conhecida canção “Três Lágrimas”, imortalizada na voz de Sílvio Caldas, pranteio três amigos que recente passaram para outra dimensão da vida. Aluízio Menezes, extraordinário jornalista esportivo, a quem acompanhei desde os tempos de menino nas narrações das partidas de futebol no prefixo ZY-B5 Rádio Poti de Natal e depois em outras emissoras. No velho estádio Juvenal Lamartine costumava ficar na arquibancada, o mais próximo possível da cabine de transmissão, pois assistia a partida e ouvia a narração e os comentários dos seus companheiros, dos quais lembro de Mirocem. Acompanhei a trajetória desse velho amigo no correr da vida até abandonar o microfone, quando então, em eventuais encontros, passei à cobrar-lhe um livros sobre os bastidores do rádio esportivo e ele respondia que estava escrevendo. Os momentos em que fiquei mais ligados às suas transmissões foi quando estando longe de Natal, estudando em Recife, paradoxalmente ficava mais próximo da terra potiguar ouvindo suas transmissões através de um radinho “Spica”, em uma antena improvisada no meu quarto da República da casa do Barão de São Borja, esquina com as ruas D. Bosco e Visconde de Goiana, no bairro da Boa Vista. Deus lhe abençoe querido amigo! A segunda perda foi a de João Faustino, que conheci menino, juntamente com seu irmão Astor, empinando pipas na praia da Redinha. . Depois convivemos na Faculdade de Direito da Ribeira, onde frequentava por conta do seu namoro com Sônia, minha colega da Turma 1968, continuando os encontros em eventos culturais e nos passeios do veraneio de Cotovelo, ele sempre acompanhado do filho Edson.. Tive um susto ao receber a informação do seu subido falecimento, pois recentemente o encontrei sadio, creio que no lançamento do último livro de Valério Mesquita na Academia de Letras. O terceiro impacto ocorreu com Baíto (Maurício Gomes dos Santos), meu companheiro de peladas no sítio do meu avô na Rua Meira e Sá, no Barro Vermelho, onde fomos vizinhos. Esse campinho, sob a sombra de mangueiras, pitangueiras e alguns coqueiros, o que facilitava os peladeiros do local, conhecedores dos obstáculos naturais, hoje é, em parte, espaço onde construí a minha moradia, na rua Coronel João Gomes, em homenagem ao velho patriarca da família. Foram três amigos que partiram na minha frente, deixando boas lembranças e saudades. Certamente vamos nos reencontrar, mas eu não estou vexado!

domingo, 12 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (8) - POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.

CARLOS GOMES

 A praia de Cotovelo e o Distrito de Pium têm sido, nos últimos anos, motivo de especulação imobiliária, com construções em profusão. Contudo, tais empreendimentos se ressentem do correspondente aparelhamento de serviços essenciais e equipamentos urbanos, ficando à mercê do tempo e da paciência dos seus moradores e veranistas. Lembro-me bem da luta para trazer a este recanto a rede telefônica, com reuniões realizadas sob o comando da PROMOVEC (como ela está agora?), pois até então dispúnhamos apenas de orelhões, pois ainda não havia chegado ao Estado a era do celular,. Hoje, com a dinâmica das redes sociais o problema é a ‘internet’, por aqui continua em passo de tartaruga. Tem sido um sofrimento conseguir um sinal, ainda que precário, através do celular, mas o pacote se esgota rapidamente e é preciso solicitar um adicional. Bem que os empreendimentos da febre imobiliária poderia comandar campanha para a colocação de uma rede consistente, até porque Cotovelo já pode ser considerada como ‘cidade dormitório’ da Grande Natal. Uma grande conquista foi a colocação da rede de água, que acabou com a tortura dos poços que oferecia água sem tratamento. Agora o que se reclama e está em cadência extremamente lenta é a rede de esgotos sanitários, apesar dos milhões gastos com canos enterrados e até substituídos por outros antes do início dos serviços de coleta. Três a quadro governos municipais já passaram e o sistema ainda não foi ligado. Registramos a regularidade da coleta de lixo e da iluminação pública satisfatória, embora parcela da população ainda insista e poluir os caminhos da praia jogando resto de alimentos e quebrando garrafas sem atentar para o perigo de ferir aqueles que utilizam aquelas vias. Aguarda-se a solução urgente, também, para a questão da segurança pois convivemos com um presídio de segurança máxima bem próximo, (Alcaçus), mas o policiamento regular ainda depende de Pirangi, que não tem estrutura nem mesmo para aquele recanto. Cotovelo precisa de um serviço de informação, talvez um jornalzinho através do qual haja uma boa interação entre os moradores e veranistas. É tempo de pensar a construção de uma estrada corretamente dimensionada para o acesso às demais estâncias de veraneio do sul, pois o fluxo de veículos de passagem tumultua, engarrafa e torna o trânsito um tormento. Os serviços religiosos são precários no que concerne à Igreja Católica, cujo templo não fica aberto regularmente, contrariando a dinâmica preconizadapelo Papa Francisco de maior proximidade com o povo. O Poder Público precisa estudar essas coisas, inclusive traçando uma política específica e eficiente para a melhoria dos serviços que presta. Vamos esperar que no veraneio de 2015 tais deficiências já tenham sido superadas, até porque Pium-Cotovelo podem representar excelente solução para os que virão assistir as partidas da Copa do Mundo em Natal.

sábado, 11 de janeiro de 2014

O TAMANHO DO ESTADO E O BEM-ESTAR SOCIAL. AUTORIA DE TOMISLAV R. FEMINICK.


)TOMISLAV R. FEMINICK (*)

O tamanho do Estado e o bem-estar social

 As relações do Estado com a economia têm sido um dos assuntos mais polêmico nos compêndios de economia política. É possível sintetizar as várias teorias em três ou quatro “escolas” de pensamento. O que há de comum entre elas é que todas fazem formulações sobre o espaço que o Estado deve ocupar no âmbito econômico. O que há de divergência é o quanto de beneficio a sociedade pode receber, dependendo do tamanho desse espaço. Entretanto esse assunto não se limita a um problema de escala de extensão do governo. Ele é o principal divisou de fronteira entre as ideologias capitalistas e socialistas; dele derivam as divergências entre a democracia capitalistas e as ditaduras socialistas. Muitos foram os economistas formuladores da teoria do “Estado mínimo”, que defenderam a interferência mínima do governo nos assuntos econômicos da coletividade, com completa ausência de regulação estatal. Entretanto esse conceito foi mais bem expresso por León Walras (1983), que tomou por base a ação racional das pessoas como produtoras e consumidoras, o mercado funcionando em regime de concorrência perfeita e o livre rendimento dos fatores de produção. Nessas condições, a economia atingiria o máximo das possibilidades produtivas e caminharia para uma situação de equilíbrio de preços, de pleno emprego e de máximo bem-estar social. Essa situação ideal exigiria que o Estado reduzisse suas funções somente àquelas voltadas à manutenção da ordem e justiça, deixando o provimento de serviços aos indivíduos e empresas por eles contratadas. Os defensores do estado mínimo alicerçavam suas ideias, também, com base no conceito de estado de direito, que atribui aos cidadãos o normativo da opção própria, sem interferência do governo. Assim, a opção econômica seria um derivado da opção da cidadania. Essa política – cuja base é intimamente associada com os conceitos e a doutrina do laissez-faire, que se desenvolveu na França entre as décadas de 1750-1770 – teve o seu apogeu na Grã-Bretanha durante quase todo o século XIX. No entanto, já nas últimas décadas desse século as grandes mudanças provocadas pela revolução industrial evidenciaram as contradições do modelo, quando ensejou o aparecimento de oligopólios e monopólios, que engessaram o livre desenvolvimento. A primeira teoria econômica mais bem elaborada sobre o papel do Estado na economia foi desenvolvida por Adam Smith, em sua obra A Riqueza das Nações. Sua crença básica era de que a mão invisível (a oferta e a demanda) resultaria em um equilíbrio dos valores do mercado. Todavia, as análises mais apressadas que seus defensores e críticos fazem de sua obra atribuem ao economista inglês posições nem sempre condizentes com as suas opiniões reais. Como disse o professor Winston Fritsch (1983): “a defesa qualificada que Smith faz ao laissez-faire não o classifica nem como apóstolo do interesse burguês e pregador da harmonia de interesses entre as classes sociais como querem os primeiros, nem como defensor empedernido da iniciativa privada e inimigo à ‘outrance’ da interferência do Estado, como querem os últimos”. Isso porque sua concepção teórica não incluía a ausência de Estado ou a ideia de um Estado mínimo. Desconstruir essa falácia tem sido uma árdua tarefa, na qual se destacam os professores Winch (1978; 1983; 1992) e Brown (1994). Desde meados do século passado alguns economistas voltaram a defender a tese do Estado mínimo, entre eles Buchanan (1975), Milton Friedman (1984) e Hayek (1960), todos eles ligados à chamada “escola de Chicago”. 


TOMISLAV FEMINICK (*)
(*)- Mestre em economia e contador 

Tribuna do Norte. 
Natal, 12 jan 2014. 
 O Mossoroense.
 Mossoró, 09 jan 2014.
Tomislav R. Femenick - Mestre em economia e contador

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

CARTAS DE COTOVELO 2014 (7) - POR CARLOS GOMES.


 A vida moderna tem oferecido novas opções para a guarda da memória visual dos momentos mais relevantes da convivência humana. Como diz o ditado: ‘Cada doido com sua mania’, desde criança, creio que no Natal de 1954, ganhei de presente a minha primeira câmera fotográfica (t. 620 – Agfa), com uma capa de couro, adquirida no tradicional Real Foto, de Waldemir Germano, infelizmente fechado em 2013, deixando uma saudosa memória. Essa máquina hoje faz parte da coleção do meu amigo, médico Paulo Ezequiel. Progredi, com o passar do tempo, para outras câmeras mais modernas e a cerca de uns 40 anos, mais ou menos, ingressei, também, no campo das filmagens, em uma “super 8”, sucessivamente substituída por outras, passando por uma que gravava direto em DVD e agora para uma digital, ao mesmo tempo projetora de imagem. Colhi, ao longo de todos esses anos registros memoráveis, os quais venho utilizando em meus trabalhos e, igualmente, perdi algumas películas mal acondicionadas e filmagens importantes, estas por defeitos na filmadora ao não conseguir concluir a gravação, das quais anotei as comemorações natalinas de 2012, aniversários de alguns netos, reuniões familiares, a festa dos 100 anos do meu tio Francisco Gomes da Costa, último ainda vivo e recepção a amigos. Custei muito a admitir tanta perda, mas segui adiante com uma nova máquina, de última geração, na qual fiz novos e importantes registros familiares, sem a cautela de coloca-las em um computador ou hd externo. Ao fazer a mudança para o veraneio de Cotovelo dei por falta dessa máquina – desespero novamente. Cheguei a admitir que eu chegara à idade provecta e já estava a precisar de vigilância da esposa e dos filhos, aos quais formalizei o pedido. Passei o Natal de 2013 e a entrada de Ano Novo sem a filmagem tradicional, repetindo o ano passado, embora tendo feito as fotografias necessárias. Acomodei-me a contragosto! Esta semana, após incontáveis buscas em Natal e em Cotovelo, sem sucesso, ouvi uma gargalhada de Thereza: achei, achei. O coração quase parou e lá estava a minha câmera filmadora entre as roupas penduradas que ela colocou em um claviculário. Após agradecer a Deus pelo achado, dei-me à meditação e cheguei à conclusão que a decrepitude não foi minha, ainda! Mas aprendi a lição. As máquinas se vão, mas a memória fica ‘ad eternum’ desde que você não esqueça de acondicioná-las adequadamente.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

• CARTAS DE COTOVELO 2014 (5)‏ - ARTIGO DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.


Hoje é Dia dos Santos Reis. Nessa mesma data, do ano de 1962, tomei a decisão de assumir um compromisso mais sério com Thereza, cujo namoro já acontecia há algum tempo. Lembro que pequei o bote de Ferrinho, na praia da Redinha, onde estava veraneando, e vim para Natal por volta das 3 horas da tarde e já próximo do entardecer , na presença de toda a família Rosso e Nelson, enfrentei o velho italiano Rocco Rosso e Dona Rosa e pedi a sua filha em casamento, cuja promessa de matrimônio ficava logo aprazada para o mesmo dia do ano seguinte. O enlace não se concretizou, pois a família mudou-se para Belém do Pará, em razão da transferência de Arnaldo Jones Nelson, esposo de Rachele para aquela cidade, em razão de ser funcionário da Panair do Brasil e eu exercer a condição de Chefe da 3ª Zona Eleitoral de Natal, responsável pela organização do pleito eleitoral do ‘plebiscito’ que ocorreu exatamente em 06 de janeiro de 1963, devolvendo ao Brasil o regime presidencialista. Era o Governo de João Goulart (Jango). Viajei no ‘Constellation’ da Panair, com uma passagem conseguida de cortesia e o matrimônio foi, enfim, celebrado em 16 de março do mesmo ano na Igreja de Santo Antônio, da Paróquia da Trindade, e o casamento civil na casa da Rua Mundurucus, Praça Batista Campos, do outro lado onde ficava a Igreja na cidade de Belém. Assim, o dia consagrado aos Reis Magos, daí em diante, ganhou uma conotação especial em nosso calendário familiar, gravado em nossas alianças e, sempre que possível, é comemorado nos alpendres da casa de veraneio. Este ano, mais uma vez, estamos em Cotovelo, respirando o ar de um mês de janeiro quente e de uma maré forte e lamentando o desencontro nas caminhadas matinais com os tradicionais veranistas, como Aurino, Godeiro, Zé Correia, Dr. Hélio Santiago. Registro, com tristeza, a doença de Dona Helena e o infarto recente do Senhor Soares, os quais terão lembrança especial em minhas orações para restabelecimento da saúde dos mesmos, pois são partes essenciais à geografia humana do lugar.
 Mais um Dia de Santos Reis. Que Deus permita que possa renová-lo em 2015.

ESCRITORA MARANHENSE DILERCY ADLER SE SOLIDARIZA COM O ARTIGO DO ESCRITOR EDUARDO GOSSON SOBRE LEGALIZAÇÃO DA MACONHA A


 A temática do artigo de Eduardo Gosson é dolorosa e complexa. Sei que foi escrita com o coração. Quero ainda me solidarizar à dor do autor, do pai, do cidadão, do ser humano. No entanto é bom lembrar que, apesar da proibição, da ilegalidade, muitos ficaram (a exemplo do seu amado filho) e ainda estão presos e dependentes ao vício, muitos enriquecem ilicitamente e a criminalidade em torno da comercialização das drogas é intensa, envolvendo não apenas os criminosos declarados, mas principalmente criminosos que se revestem de autoridade e poder oficiais na sociedade! Precisamos de fortalecimento de valores compatíveis com uma sociedade mais humanizada, até porque na maioria das vezes a droga é utilizada como "fuga" do enfrentamento da realidade dolorosa, da competitividade e sensação de fracasso, do desamor, da desconfiança constante do outro, do medo de sermos enganados. Claro que em toda situação existem múltiplos fatores que a determinam, e cada caso é um caso. O fato é que: se a descriminalização sozinha não é a saída, a proibição também não é. Que Deus conforte o seu coração! E que o Ano Novo lhe traga muitas bênçãos e, principalmente, PAZ e BEM ao seu coração. 

 Com afeto, Dilercy Adler

domingo, 5 de janeiro de 2014

COMBATE ÀS TREVAS - XVI - AUTORIA DE EDUARDO GOSSON.

EDUARDO GOSSON

 Liberalização da maconha? não Obrigo-me como cidadão e pai a opinar quando vejo o vice-presidente da OAB-RN, Dr. Marcos Guerra, descendente de uma linhagem de homens de bem (família Brito Guerra), defendendo a legalização da maconha, argumentando que a política preconizada pela ONU e posta em prática pelos EUA não surtiram efeito. O senhor sabe muito sobre drogas em livros, no conforto da biblioteca; eu, não. Aprendi na prática porque tive um filho - Fausto - que partiu aos vinte oito anos, vítima de uma sociedade que está perdendo a guerra para as drogas (recentemente aqui bem perto, no Uruguai, o governo liberou o uso da maconha). Abrem-se as portas para o império do Mal. Em nome de uma pretensa liberdade total, proclama-se a legalização como forma de controle das atividades criminosas. Esquecem esses intelectuais que nunca leram um Graciliano Ramos: “liberdade total não existe: começa-se preso pela sintaxe e muitas vezes termina-se numa Delegacia de Ordem Política Social” – DOPS O Brasil não fez ainda o dever de casa: saúde, educação e segurança pública. Nada funciona neste país. Por que então legalizar a maconha? Durante 12 longos anos lutei para recuperá-lo (ele até tentou!), entretanto a dependência era maior. Começou fumando cigarro, incentivado pelo vizinho, depois a maconha, a cocaína e, por último, o crack. Terminou morrendo em 26 de maio, por overdose de cocaína. A droga triturou todos os seus ossos, aumentando o peso em 50 quilos, conforme laudo em sua certidão de óbito. Tive que encomendar um caixão especial. Dr Marcos Guerra, teve uma época que ele quase devastou a minha biblioteca, vendendo nos sebos obras raras, que valiam em torno de 500 reais por 5,00. Este ano que passou (2013) tive o Natal mais melancólico da minha vida: no meu presépio faltava um menino bom - FAUSTO GOSSON. Por esse e outros motivos, repense a sua posição. Afinal, o senhor é um intelectual, portanto formador de opinião.

 Eduardo Gosson Ex-presidente da UBE-RN

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - IV - TOMISLAV R. GRMINICK



A Coluna Preste no Rio Grande do Norte -
 IV Tomislav R. Femenick (*)


  Ao ser narrado, um fato histórico só tem sentido se forem expostos alguns elementos a ele pertinente, tais como: as causas, circunstâncias e repercussão, por exemplo. Portanto não há como se taxar de embromação quando se fala dos antecedentes, dos personagens e das consequências da revolução francesa, da abolição da escravidão no Brasil ou do nascimento de Cristo. A simples narração dos fatos não é historiografia, pode até assumir as feições de novela barata, quando impregnada de tendências e bravatas melosas. Assim se dá quando se aborda a passagem da Coluna Prestes pelo Rio Grande do Norte. Há que se dizer das causas e o que foi a própria coluna, a inquietação causada nas localidades envolvidas direta ou indiretamente no evento, o contexto dessas localidades na época do evento, a comoção provocada entre as pessoas e, por ultimo, os ataques, a defesa das cidades e seus reflexos. Isso porque sem repercussão na sociedade um fato não é histórico. É, quando muito, apenas um fato perdido entre tantos outros. Dito isso, vamos à cidade de Natal nos dias que antecederam a entrada da Coluna Prestes em terras potiguar. Em 1926 o Rio Grande do Norte tinha uma população que se aproximava de 600 mil habitantes e Natal um pouco mais de 30 mil. Era uma cidade bucólica e relativamente tranquila, mas que vivia um momento de transformação. Segundo Gabriela Fernandes de Siqueira, “na década de 1920 a aviação teve maior desenvolvimento em Natal. O número de automóveis aumentou e ocorreram melhorias na área de educação”. O Estado era governado por José Augusto Bezerra de Medeiros, que estava no terceiro ano do seu mandato. Embora não se sentisse ameaçada de ataque direto pelos revoltosos, a capital do Estado vivia um clima de expectativa pelo que poderia acontecer. O histórico divulgado sobre as investidas dos integrantes da Coluna em outros Estados nordestinos davam contra de um rastro de perdas humanas e danos matérias nas cidades em seu itinerário. O historiador Raimundo Nonato assim sintetizou a situação, às vésperas da chegada dos rebelados: “Na Capital irradiava-se essa onda de agitação pelos pontos de concentração popular – O café Cova da Onça, na Ribeira, o Grande Ponto, na Cidade Alta e Alecrim”. Daí saiam os boateiros levando as novidades reais ou inventadas. De verídico mesmo somente as informações transmitidas pelo governo federal ao governo do Estado, dando conta que elementos da Coluna Prestes já tinham saído da cidade de Iguatu, no Ceará, e estavam se deslocando para o Rio Grande do Norte; tudo indicando que o ataque seria na cidade de São Miguel. Esse contingente de ataque era integrado por cerca de 70 homens bem armados e a maioria deles com treinamento militar. Os preparativos para a defesa legalista começaram a serem arquitetados, inclusive com a formação de batalhões compostos por elementos da Polícia Militar do Estado, preponderantemente lotados em Natal (sob o comando do tenente João Machado), e possivelmente do Exército nacional, esses vindos de Fortaleza. O grande problema era o deslocamento dessa tropa para o local presumível do teatro da batalha. Optou-se, então, por se usar o porto de Areia Branca, a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e vias rodoviárias; estas últimas poucas, de trânsito difícil e de acesso complicado. O governo do Estado delegou o comando da defesa São Miguel ao líder político local João Pessoa de Albuquerque (também conhecido por João Leite e Coronel do Baixio de Nazaré), coronel da Guarda Nacional, deputado estadual e que presidiu a Intendência Municipal de São Miguel por um período de 18 anos, de 1910 a 1928. 

 O Jornal de Hoje. 



Natal, 31 dez de 2013.




(*) Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN 

CARTAS DE COTOVELO 2013 - 2014 (2) - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.



O dia acorda radiante de luz, pois hoje se iniciam as comemorações do nascimento do Menino Jesus. A natureza oferece de pronto, com os primeiros raios solares, o desabrochar de plantas nativas e o mar acolhe os banhistas madrugadores numa calmaria própria de dezembro. A fotografia retrata uma planta que ainda não identifiquei, lado a lado das sempre alegres xananas. Um tanto diferentes os cenários naturais, pois as pedras resolvem sair do seu abrigo e ficarem à mostra, como já não fazia nos últimos anos. O lodo deixa aparecer os seus cabelos verdes num belo contraste com o escuro ou amarelado dos paredões de pedras e os ‘aratus’ caminham apressados e em desordem em busca de alimento farto. A brisa acalenta os corpos suados do calor do verão. E o mar – prefiro o da tarde, pois numa temperatura paradisíaca, renovando os encontros e reencontros com a areia, cobrindo as inscrições dos românticos ou das crianças feitas em seu regaço – ‘areias portadoras de saudades, saudades de quem tem amizade de um alguém, muito além’ (na inspiração de Dozinho em sua Ode a Ponta Negra). Cotovelo, infelizmente, já não tem os coqueiros que cresciam bastante, querendo o céu alcançar, nem os seus frutos que desciam constantes, querendo ficar com o mar (ainda na invocação de Dozinho). Há um encantamento que nos traz a infância quando a criançada empina as suas pipas na direção do infinito. Contudo, no barulhar das ondas e passar do tempo, o céu exagera em sua beleza, já no começo do adormecer do sol, onde as nuvens nos surpreendem criando formas no desenhar de cada olhar. Tudo indica que teremos um Natal de beleza e paz, de amor para muitos, de tristeza para alguns e até de indiferença para outros. Encontros e desencontros podem acontecer, mas é Natal. Benvindo Menino Deus. FELIZ NATAL PARA A HUMANIDADE.