segunda-feira, 3 de junho de 2013

SEU NOME É JESUS - AUTORIA DE PEDRO CASALDÁLIGA.

PEDRO CASALDÁLIGA

SEU NOME É JESUS

À juventude envolvida nos desafios da JMJ Deus veio a casa, despojando-se de sua glória. Pediu licença ao ventre de uma menina, sacudido por um decreto do César, e se fez um de nós: um palestino de tantos na rua sem número, meio-artesão de trabalho grosseiro, vendo passar os romanos e as andorinhas, morrendo, depois, de má morte matada, fora da Cidade.

 Já sei que há muito tempo 
que o sabeis, 
 que vos o dizem, 

 que o sabeis friamente
 porque vos o dizem com palavras frias... 

 Quisera que o soubésseis 
 de golpe, 
 hoje quiçá, 
 pela primeira vez, 
 surpreendidos, desconcertados, livres de mitos,
 livres de tantas liberdades mesquinhas.

 Que os o dissesse o Espírito
 como uma facada em tronco vivo! 

 Quisera que O sentísseis como uma onda de sangue no coração da inércia, em meio a esta corrida de tropeçadas rodas. 

 Quisera que désseis n’Ele como na porta de Casa, retornados da guerra, sob o olhar do Pai e seu beijo impacientes. 
 Quisera que O gritásseis como um grito de vitória pela guerra perdida, 
 ou como o parto sangrento da esperança, na cama de vosso tédio, em plena noite, amortecida toda ciência.
 Quisera que O encontrásseis, em um abraço total,
 Companheiro, Amor, Resposta. 
 Podereis duvidar que tenha vindo a casa, 
 se esperais que os mostre a patente dos prodígios, 
 se quereis que os sancione a preguiça de viver.
 Mas não podeis negar que se chama Jesus,
 com a patente do pobre. 
 E não me podeis negar que O esperais,
 com a louca carência de vossa vida repudiada, 
 como se espera o alento retornando da asfixia 
 quando se sentia na garganta a morte, serpente de perguntas. 

Seu nome é Jesus. 
 Se chama como nos chamaríamos se fossemos nós mesmos. Pedro Casaldáliga

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