sexta-feira, 23 de novembro de 2012

HOJE DIVULGAMOS A POESIA "BIZÂNCIO" DE HORÁCIO PAIVA.


HORÁCIO PAIVA

B I Z Â N C I O
Horácio Paiva. 

A noite
 guardo-a comigo 

 Não perdi Bizâncio

 Dos conflitos afasto 
armas e olhares mortais
 e tudo que destrói pelo ódio

 Não perdi Bizâncio
 como quer 
a crônica medieval tardia 
que sobrepõe império 
a império
 num jogo de ilusão
 e fantasia

 E longe do assédio das disputas 
vejo-a perene
 com as flâmulas
 do heroísmo de quem ama

  Mortos?
 o oráculo diz que não há mortos 
ou sequer a morte

 Há uma cruz:
 in hoc signo vinces

 Há um escudo para o tempo
 e não são surdas essas muralhas
 abertas à memória

 Nas cisternas repletas
 a água entoa o som imóvel 
o cântico do silêncio 

 E continuam a comover-me
 a tarde púrpura
 o declínio do sol no ocidente
 o acender das luzes no terraço sobre o Bósforo 
o abraço da noite. 

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