quinta-feira, 11 de outubro de 2012

CAMILO BARRETO - AUTORIA DE SILVIO CALDAS.

CAMILO DE FREITAS BARRETO
Camilo Barreto
 Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br) 

 Nem me recordo direito qual foi o ano. Faz algum tempo. Acho que uns quatro lustros. Estava eu vindo de Mossoró para Natal. Quando chegamos próximos a Caiçara do Rio dos Ventos nosso carro foi interceptado pela polícia rodoviária. Chovia a cântaros. - Boa tarde senhores. - Boa tarde - respondemos todos. - Os senhores estão indo para Natal? - Sim senhor - respondeu o motorista. - Pois infelizmente os senhores terão que retornar até Jucurutu e pegar a estrada que vai para Caicó. - Mas senhor - interferi - será um desvio de mais de cem quilômetros! - Nada posso fazer, meu senhor. A estrada aqui ficará interditada até que seja restaurada. - Ora, mas e o senhor não está aqui conversando conosco? Como é que chegou até aqui? - Por uma pequena passagem no asfalto que ainda não rompeu, amigo. E confesso que estou morrendo de medo. Mas eu tinha que enfrentar a travessia, por dever do meu ofício, para impedir que outros motoristas se arriscassem, pois o asfalto já foi comido em mais da metade pela enchente. Inconformado, mas entendendo a situação, agradeci a atuação da autoridade. Algum tempo depois vim a saber que se tratava do doutor Camilo Barreto, superintendente local da Polícia Rodoviária Federal. Passados mais alguns anos, fui apresentado por Anna Cascudo ao seu esposo. - Muito prazer, Camilo Barreto. Aproveitei a ocasião para relembrar-lhe o ocorrido há tempos. Ele sorriu e me pediu desculpas pelo transtorno que havia causado a minha viagem. A roda da vida girou, aproximei-me de Camilo e tivemos várias ocasiões sociais, cada uma mais agradável do que a outra. Agora Camilo fez a grande viagem. Ficou me devendo uma taça de vinho que havíamos marcado para sorver qualquer dia desses. Procuro avaliar a dor de Anna, da filha Camila e dos  queridos  enteados que amou como seus filhos. Faz parte da vida de todos nós. O grande lenitivo é a saudade, que é a “vontade de viver de novo”. De mim, que estava em Recife, só pude me despedir de Camilo em pensamento. Quanto ao vinho, agora só quando nos encontrarmos no andar superior. Adeus Camilo. Os que lhe conheceram e que conviveram com você têm orgulho de haver participado da sua refinada companhia.

Nota: Crônica enviada por email, da cidade de Recife/Pe.

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