segunda-feira, 26 de março de 2012

GUTENBERG COSTA ENVIA ARTIGO SOBRE O POETA MACEDO, PARA O BLOG DA UBE/RN.

GUTENBERG COSTA

O AMIGO POETA E ALECRINENSE CHICO MACEDO

(*) Gutenberg Costa

Ultimamente se foram alguns amigos. E quando essa matemática aumenta consideravelmente pode está acontecendo dois motivos, ou temos muitos amigos ou nossa idade já está mais para visitas em hospitais e velórios do que presença em festas e baladas como nosbons tempos da juventude. O certo é que de cada amigo temos uma história pessoal. Gente sem humor e insensível não frequenta meu barraco. Dizendo isto não posso negar que sou fruto emocionalmente de minha saudosagenitora dona Estela, da feira do bairro do Alecrim, que quando era uma alegre contadora de estórias e ao mesmo tempo podia ser encontrada chorando copiosamente. A mesma ao ser observada triste em cima da bucharespondia ao seu filho caçula: - “Morreu uma velha amiga lá de Pendências”. E não foi surpresa quando um certo dia ao vê-la emocionada como do mesmo modo das vezes anteriores obtive tal desculpa: -“Meu filho, morreu aquela minha gata da raça Angorá”.
Fujo de quem fica indiferente diante da morte dos amigos. Mas respeito aos que nada tem para dizer como boas lembranças destes. Conheci Chico Macedo no tempo das vacas gordas em sua fazenda. Tempo que o mesmo era empresário no ramo de papelarias/livrarias. Período que ele sempre relembrava nos últimos anos em nossas conversas, como a época de fartura de ‘muitos mui-amigos’ ao seu redor. Não falta festa na riqueza e os verdadeiros amigos são os que nos acompanham quando as vacas estão magras ou mesmo quando estas nem mais existem. Seu humor era cotidianamente aflorado em todas as situações. Uma certa feita passou uma manhã em minha casa e logo na chegada foi dizendo alegremente: “ Alecrinense quando chega na casa de outro alecrinense tem que ter festa. Traga-me uma boa cachaça para darmos início a nossa prosa”. Nesta referida visita ficou admirado com os velhos azulejos e emblemas do nosso querido ‘Alecrim Futebol Clube’ espalhados pelas paredes da minha pequena casa e não levou consigo, mais bem que desejou de presente o meu telefone antigo de cor verde ainda funcionando.
O amigo poeta teimava que era mais alecrinense que eu, mas se conformava diante de meus sérios argumentos: Veja meu amigo Chico Macedo, você pode ser alecrinense desde criancinha, mas não nasceu no Bairro do Alecrim como eu, não morou na rua da feira, na Avenida 1 como eu, nem foi batizado e fez primeira comunhão na Igreja de São Pedro no Alecrim, como eu e ao menos estudou o seu primário completo no Alecrim, como eu. Você é santanense/alecrinense.
Uma vez o poeta amigo foi participar de um encontro de poetas populares em outro Estado, levou-me uns livros de nossa autoria sobre a temática do seminário e quando voltou dias depois, muito alegre na calçada do Café São Luiz, foi logo me dizendo: “Tenho duas noticias pra lhe dar meu amigo, uma boa e uma ruim... a boa é que vendi no primeiro dia seus livros, e a ruim, é que já gastei o apurado!” E como prova do perdão foi convidado a tomar um cafezinho em meio as nossas gargalhadas. Recentemente o convidei a ingressar na nova Academia Norte Rio Grandense de Literatura de Cordel e o amigo poeta saiu-se com esta desculpa: “Amigo não vou por que já sou imortal e não tenho onde cair morto!”.
Quando o poeta Chico Macedo foi presidente do AlecrimFutebol Clube, organizou uma bela festa/jantar no Hotel Residense e fez-me a entrega solene de uma placa, ‘Torcedor histórico”. Dava risadas quando eu dizia-lhe que era torcedor pré-histórico com proteção oficial do IDEMA por já me encontrar em extinção. E destes ‘protegidos’ já se foram Pastel e Chico Macedo. Em 2005 quando lancei o Dicionário de poetas cordelistas do RN, com justiça lhe dediquei duas páginas como verbete, onde começava assim: FRANCISCO NEVES MACEDO: poeta cordelista, escritor, ecologista e desportista. Nasceu na cidade de Santana dos Matos/RN, a 14 de janeiro de 1948. Filho de Lauro Macedo e Nobilia Macedo. É torcedor fanático e uma das lideranças do Alecrim Futebol Clube. É formado em Letras pela UFRN. Um dos fundadores do Partido Verde, no RN...
Nosso amigo Chico apressou-se e foi ter uma prosa e escrever seus folhetos de cordéis junto aos saudosos Bastos Santana e Pastel, logo na ante véspera do dia de São José, 18 de março de 2012. Vexado, não esperou nem pela chuva santa. Aprendi que não se diz que amigo morreu, mas sim que viajou!Também não se diz, que amigo poeta morreu, mas sim que se encantou!

(*) É pesquisador, escritor e secretário do IHG/RN.

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