quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A VIELA DO BECO SEM SAÍDA - SILVIO CALDAS.

SILVIO CALDAS

A VIELA DO BECO SEM SAÍDA
Autor: Sílvio Caldas ( jsc-2@uol.com.br )


Sempre tive o maior respeito pelo Ministério Público em geral. Antes, na ativa, e agora, aposentado, mais ainda.

Mas acabar com o “barulho” do nosso Beco da Lama, a meu modesto ver, é um absurdo. Que se normatizem as boas regras de convivência com os residentes, visando à boa ordem, a disciplina e evitando-se a poluição sonora, tudo bem. Afinal, o direito de um termina onde começa o direito do outro. Contudo sempre fui contra o tal do nivelamento por baixo. É o mesmo que soltar uma bomba atômica para acabar com os ratos e as baratas.

Sou insuspeito para tratar do assunto, pois minha boemia é diurna. Lá, no beco, fui apenas uma vez. Realmente em certos setores a música por vezes é alta, o que pode ser perfeitamente disciplinado sem radicalismos pouco inteligentes.

Acho que acabar com o movimento cultural existente há décadas no Beco da Lama é trabalhar pelo empobrecimento, cada vez maior, da cultura natalense.

Se o mestre Cascudo fosse vivo, tenho certeza que de vez em quando ainda daria trabalho a Anna, que teria que ir buscá-lo lá no Beco, pois ele era um frequentador assíduo de tudo que direta ou indiretamente manifestasse a cultura e o folclore em geral. Aliás, outra coisa ele não foi fazer na África, que ouvir os bombos, os batuques e as magias dos nativos.

Ouvi alhures, certa feita, uma frase que me calou profundamente: “O importante não é destruir o que sobra, mas construir o que falta”.

E pra não dizer que não falei de flores, bem melhor a cultura que hoje existe no Beco da Lama do que a futura cultura do crack, que aliás, já anda pelas redondezas do Beco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário