quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO - VI - POR EDUARDO ANTONIO GOSSON.

DR. EDUARDO ANTONIO GOSSON

EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO - VI
Por Eduardo Gosson(*)

Jorge Antônio Gosson esse é o seu nome. O último filho do casal Antonio José/Sofia Hamaney. Era o mais metódico dos seis irmãos. Formado em Contabilidade e em Economia, trabalhou durante muitos anos no BANCALDO até este ser incorporado pelo Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte -BANDERN. Prestes a se aposentar (trabalhara 34 anos e seis meses) essa instituição bancária foi fechada pelo Banco Central. Com a falência do BANDERN também faliu a Previdência dos funcionários e a aposentadoria caiu em torno de 70%. Essa previdência complementava a aposentadoria dos funcionários. Entrou na Justiça para garantir seus direitos: o seu processo foi até o Supremo Tribunal Federal - STF onde o Ministro Relator Maurício Correia sepultou seus sonhos, alegando que não poderia conceder o pedido formulado uma vez que o artigo X (não me recordo qual ) não havia sido regulamentado. Para tio Jorge que havia se programado para usufruir uma boa aposentadoria, foi uma enorme decepção. Afinal, quando o banco quebrou, ele ocupava um cargo de destaque: Contador Adjunto. Passou um tempo sem rumo até que apareceu um convite para ir trabalhar no Conselho Regional de Contabilidade onde ficou até adoecer de Mal de Parkinson.
Contador, fazia o Imposto de Renda de todos da família. Às vezes, era questionado porque fulano ou beltrano tinha recebido mais de devolução. Honesto ao extremo, respondia: -“procure outro contador porque eu não faço gambiarras”. Passou dez anos se preparando para casar: 1. Providenciou a noiva, a professora Estela Cabral, do Vale do Açu/RN; 2.comprou e reformou uma casa perto do Colégio Marista; 3. Adquiriu os móveis; e 04. O casamento.
Sempre foi um bom irmão, esposo, pai e cidadão. Enquanto viveu deu assistência as irmãs Hulimase (brilhante) e Jamyle (mimosa). Era quem administrava as contas delas. Sempre passava na hora do almoço para vê-las. Todos os imóveis adquiridos pela minha tia Hulimase, ele participou seja construindo ou reformando. Ainda dava assistência à sua sogra e cunhadas.
Ao adoecer não soube resistir à doença. Os medicamentos são caros, vive faltando na UNICAT e tem efeitos colaterais fortes: impotência ou hipersexualidade; depressão; alucinações. Passou um ano entre os hospitais e a sua casa, confortado pelo carinho da esposa. Já tinha feito traqueostiomia: toda a sua alimentação era por sonda. Deus o chamou em 27 de dezembro de 2011 para sua Casa. A sua partida fechou/abriu um ciclo: da 1ª geração não resta mais ninguém. Deixou duas filhas e dois netos.

Eu não sabia que doía tanto!

(*) Escritor e poeta. Preside a união brasileira de Escritores - UBE/RN

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